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Carnelevarium – Eu nasci grande e nem sabiam e o samba…sambou

10/02/2016

Carnem Levare ou Carnelevarium, palavra do latim medieval dos séculos XI e XII que originou a palavra Carnaval. Significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias da quaresma.

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Estudiosos afirmam que desde o Egito antigo, cerca de 4000 anos a.c, as pessoas comemoravam as boas colheitas, pintando o corpo, dançando, cantando em volta de fogueiras e usavam máscaras em agradecimento a deusa Ísis e ao deus Ápis. 605 a.c, os gregos comemoravam também as fartas colheitas, bebendo vinho em louvor ao deus Dionísio, ritual agregado pelos romanos que por volta do ano 180 a.c, também festejavam em louvor ao deus Saturno (deus da agricultura) e Baco (deus do vinho), com orgias e escândalos denominados Bacanais, sendo proibido pelo Senado Romano.
Na renascença, o carnaval surge com outra roupagem com os bailes de máscara em Florença, Paris, Nice, Nápoles e o mais famosos de todos, Veneza.

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Com o advento da promulgação pelo Papa Gregório XIII do calendário Gregoriano em 1582, estabeleceram-se as datas do carnaval, sempre antecedidos pelos quarentas dias da quaresma.
No Brasil, país onde ganhou sua maior expressão e popularidade, o carnaval foi introduzido pelos portugueses.

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O entrudo chegou ao Rio de Janeiro por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Personagens como colombina, pierrô, arlequim e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia. O bumbo do Zé Pereira (português de nascimento) embalava a multidão e é o primeiro instrumento de percussão que influenciou a formação das baterias atuais. Nosso carnaval atual teve influencia de diversos movimentos tais como: A capoeira, o entrudo, os ranchos, os cordões, os blocos de sujo, o corso (desfiles de carros do início do século XX) e até mesmo as procissões católicas. No final do século XIX e início do século XX, as rodas de samba eram coisas de “vagabundos”, pois eram formadas, principalmente, por negros recém-libertados e ainda era uma mistura de xaxado, maxixe e polca.

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Em 1928, Ismael Silva, sambista negro reunido com alguns integrantes dos blocos de sujos existentes no bairro do Estácio, em frente a uma “Escola Normal”, foram abordados pela polícia. Quando os policiais chegaram e foram batendo ele disse: “ DEIXA FALAR, nós também somos uma escola, somos uma ESCOLA DE SAMBA”. Nascia ali as Escolas de Samba e a DEIXA FALAR foi a primeira escola de samba do Brasil (atual Estácio de Sá) no dia 12 de agosto de 1928, desfilando no ano seguinte na praça onze, originando assim o atual desfile das Escolas de Samba, que do Rio se espalhou para o Brasil e hoje é considerado o maior espetáculo da terra e a maior expressão cultural popular do planeta.
Em Lorena, nosso carnaval é muito antigo também e já teve épocas de ouro, sendo considerado, juntamente com Guaratinguetá, o melhor carnaval do Vale do Paraíba.
Arautos anunciavam que o Reino de Momo ia começar nos anos 20.

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Acredito ser o mais velho registro do carnaval de Lorena. Foto quase centenária.

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Carnaval de 1936

Agremiações antigas como a Velha Guarda, Embaixada do sossego, Os lenhadores, Flor da Mocidade, entre outros, embalaram os foliões dos idos anos 30, 40 e 50.

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Por detrás das máscaras, grandes foliões que abrilhantaram muitos carnavais lorenenses: Antônio Geordani, Ernani Carvalho Ferreira, Tereza Jannuzzelli, Aloísio Andrade, Conceição Aparecida (Boneca), Luís Giordani, Moacir Giordani, Olga Jannuzzelli. Carnaval de 1956.

 

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Elegantes e gentis senhoras da sociedade lorenense que participavam dos folguedos de momo: Dulce Moreira, Natalina Ferreira, Angelina Godoy, ?, Helena Filizola Barbosa e Simodocéia (Docéia do “Nego” Ulisses). Sentadas: Zenaide Pelúcio Montenegro, Alice Pereira Leite, Cirene Leite de Almeida. 11 de fevereiro de 1937.

 

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Da esq/dir: João Leite Pereira, José Carlos Moreira, Miléo, Terésio Martins (“Nego” Ulisses), Epitácio Santiago, João Gomes Ferreira (dão), Fausto de Almeida, Antonio Godoy,Cássio de Azevedo Nunes, Antonio Pelúcio, Carlos Alberto Carvalho (Carvalhinho). 1ª fila de baixo para cima da esq/dir: Nair Miléo, Natalina Spot Ferreira, Odete Fleury. 2ª fila: Simodocéia (Docéia), Angelina Godoy, Dulce Moreira. Acima perto dos homens: Helena Filizola Barbosa, Ilma Santiago, ?, Cirene de Almeida, Alice Pereira Leite. Carnaval da década de 1930.

Temos a segunda escola de samba mais antiga do Vale do Paraíba, A Estrela D’alva do bairro da Olaria de 1949. Na década de 60 existia até um tablado para a passagem das agremiações. As tradicionais Unidos de Nova Lorena e Acadêmicos do São Roque fizeram desfiles memoráveis nos anos 70, 80 e 90, assim como o Azulão, Boêmios do Mac, Bola Branca e Zebrão. Quem não se lembra do Bloco das Bruxas, Caciques, Batuqueiros da 21, Flor da Avenida entre tantos outros e o tradicionalíssimo Pé de Cana. Os bailes no antigo Arcadas (o boliche, minha primeira matinê), no Hepacaré, Comercial e o popular no Mercadão também marcaram época e saudades de quem participou.

 

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Carnavais memoráveis da década de 1960, quando as agremiações passavam por cima de um tablado (passarela), na altura dos olhos do público, construído anualmente apenas para as festas de momo. Decorações pra lá de especiais.
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Componentes do então Bloco Carnavalesco Estrela D’alva. Virou piada na cidade os famosos passinhos que o Senhor Yolando Marioto ensaiava os foliões, diziam que era um pra frente e dois para trás e que a Estrela ia começar o desfile na praça e terminar no mondezir. Só gargalhadas!
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Corte momesca. Década de 1960.

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Palanque oficial e narrador anunciando a corte momesca!
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Esta foto retrata bem o espírito do carnaval, já nos idos anos 60: “Carnaval é a festa do povo e para o povo”
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Cuidado que “As Bruxas” vem ai!

Percebemos que hoje o carnaval de Lorena tem grandes dificuldades para manter-se vivo e tradicional na cidade e muitos comentam que esta festa será apenas para cidade grande.
Particularmente acredito que o que falta mesmo é uma política pública para uma festa tão importante, que fomente e crie as condições financeiras necessárias para que as agremiações não fiquem dependente do erário.
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Eu com o incansável carnavalesco Ademir Peralta no carnaval de 2012. “Desfile de fantasias Destaque em Destaque”

A torcida fica para uma cultura do Samba o ano inteiro na cidade, que é a raíz do carnaval e desfiles de rua, porque os custos também se elevaram e o financiamento é o maior obstáculo para não acabar e mesmo para crescer a maior festa popular e, embora tenhamos tantas outras necessidades, fica o apelo para que não deixem o samba Morrer, pois a morte do samba também mata um pedaço da nossa história e da tradição do povo Lorenense!
O carnaval na cidade já nasceu grande e nem sabiam e, infelizmente, por diversos motivos, o samba…sambou!

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Referências:

http://www.areliquia.com.br/artigos%20anteriores/57histcarn.htm

Sociedade dosAmigos da Cultura de Lorena. Memórias de Lorena em fotos e palavras tomo 3. Coleção Lorenense – Vol.VIII. 151p-2003.

http://memoriasdelorena.blogspot.com.br/2011/02/festejos-de-momo-em-lorena-na-decada-de.html?view=flipcard

COLUNISTAS / Mafu Vieira

Valdemir Vieira, popularmente conhecido como Mafu, é formado em Enfermagem e Obstetrícia pela Unitau, pós-graduado em Terapia Intensiva e mestre em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem da USP, com trabalhos apresentados no Brasil e exterior, além de responsável técnico de Enfermagem do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) – Lorena. Professor convidado nos cursos de pós-graduação da Fatea e outras universidades das cidades vizinhas, palestrante dos assuntos de políticas públicas e motivacionais, Mafu também é formado em Professional and Self Coaching, potencializando as lideranças profissionais em diversas empresas e em áreas distintas. Lorenense nato e ex-vereador, está sempre envolvido e atento aos assuntos da cidade e vem, com a mesma performance de colunista que foi do Jornal Guaypacaré, diretamente para a coluna, de mesmo nome, no Portal “O Lorenense”. Com ele, são “Outros Papos”…



maphus@gmail.com

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