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Assaltos constantes em linhas intermunicipais motivam paralisação temporária de motoristas e cobradores

11/05/2016

O que eles querem é o mesmo que toda a população de Lorena reivindica: mais segurança!

Há cerca de um mês que os assaltos a ônibus se intensificaram, especialmente nas linhas entre Lorena e Guaratinguetá. “Todos os dias, no primeiro horário, o ônibus sai 4h40 da manhã de Guará. Quando chega na Cecap, já tem assaltante esperando a gente ali. Muitas vezes, eles levam só os R$ 20 em moedas que o cobrador pega para trocos, antes de assumir seu posto. Aí o ônibus vira 5h10 aqui na Rodoviária de Lorena. Quando pega o percurso pra voltar pra Guará, os criminosos já estão em outros pontos, pra assaltar novamente”, relata o motorista rodoviário e suburbano da Pássaro Marron, Marcos Antônio da Silva.

Segundo ele, além do dinheiro do caixa do ônibus, os assaltantes também estão levando objetos pessoais de motoristas e cobradores, e assaltando os passageiros. “Das 5h às 7h30, todo dia, os bandidos estão se misturando aos passageiros nos pontos de ônibus. Não tem como a gente saber. Esse é um horário crítico, mas à noite também tem sido, principalmente nos horários de maior movimento, em torno das 18h, 19h… e depois das 22h, com as saídas das escolas”.

O relato, infelizmente, não é novidade. Mas hoje os trabalhadores da categoria decidiram parar, em protesto, com apoio do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba, após um assalto violento. “Hoje de manhã, um motorista nosso, que já foi assaltado três vezes somente nessa semana, foi vítima mais uma vez. Só que dessa vez os bandidos foram mais violentos: deram uma ‘gravata’ nele e rasgaram a sua camisa. Eram dois assaltantes: um que foi até o motorista e outro direto no cobrador. Quando o motorista disse que não tinha nada pra dar, um comparsa falou pro outro: ‘Mata ele! Dá um tiro na cabeça dele!’”, continua Marcos Antônio.

O protesto dos trabalhadores é pela mesma reivindicação de praticamente toda a população de Lorena: eles querem mais segurança. “Não estamos reivindicando aumento de salário, ticket alimentação, nada disso… Estamos protestando antes que aconteça uma tragédia. É claro que a gente acaba ficando no prejuízo, porque eles levam, além do dinheiro da empresa, o troquinho que a gente tem no bolso pra tomar um café, nossos celulares, carteiras, documentos pessoais, até a nossa CNH… Mas o nosso temor maior é pela vida, porque os assaltos estão cada vez mais violentos”, afirma o motorista.

Crimes em lugares comuns

A ousadia dos criminosos e a certeza da impunidade é tão grande que eles sequer se dão ao trabalho de mudar o itinerário. “Os principais pontos onde eles nos aguardam para assaltar são aqueles na rua do Hotel Olympia, na Cecap, depois em frente à Chácara do Papai (pouco à frente da Cecap), no trevo do 3 Garças e na Vila São José, já em Guará”, revela Marcos Antônio. “Eles estão tão ousados que nem ligam de aparecer nas imagens das câmeras dos ônibus”.

Apoio do Sindicato da categoria

O presidente do Sindicato dos Condutores do Vale, Elias Silva, e o motorista Marcos Antônio
O presidente do Sindicato dos Condutores do Vale, Elias Silva, e o motorista Marcos Antônio

O movimento da manhã desta quarta-feira, 11 de maio, contou com apoio do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba. Além dos motoristas em Lorena, também paralisaram suas atividades motoristas e cobradores de Guaratinguetá, Aparecida, Potim e Roseira.

“A iniciativa foi dos motoristas e funcionários de Lorena, mas nós, do Sindicato, e os trabalhadores de outras cidades decidimos apoiar, porque a situação é preocupante. Temos assaltos em outras linhas também, mas a mais crítica é a de Lorena – Guará”, diz o presidente do Sindicato, Elias Pereira da Silva. “E as empresas têm que levar mais a sério essa questão dos assaltos, pela segurança dos trabalhadores. Estamos aqui porque queremos que elas cobrem atitudes das autoridades, que solicitem um policiamento maior, antes que essa situação custe a vida de algum trabalhador ou até mesmo de um passageiro”.

De acordo com os registros de Elias, houve assaltos (nas linhas entre Lorena e Guará) nos dias 11, 13, 15 e 16 de abril; e nos dias 1º, 2, 3, 6 e 11 de maio. Crimes que foram registrados na Polícia, mas também há os que ficam na informalidade.

Providências tomadas

Após o protesto desta quarta-feira, que foi encerrado pouco depois das 14h, quando as linhas voltaram a funcionar normalmente, algumas providências foram tomadas.

Representantes da empresa de ônibus entregaram para a Polícia as imagens do assalto e também levaram ofícios para as Polícias Civil, Militar, Prefeitura de Lorena e Secretaria Municipal de Segurança Pública.

“A empresa assumiu o pagamento aos funcionários dessas horas paradas pelo protesto e garantiu que não haverá retaliação aos trabalhadores que participaram. Os órgãos públicos procurados se comprometeram a tomar providências. Inclusive, enquanto protestávamos, a Polícia Militar esteve na Rodoviária, conversou com a gente e comprometeu-se a reforçar a segurança”, finaliza o presidente do Sindicato.

Este Portal de Notícias também entrou em contato com as Polícias Civil, Militar e a administração municipal, mas até o fechamento desta matéria, não foi possível conversar com nenhum deles sobre o assunto.

Esta é a primeira de uma série de matérias que serão feitas sobre a criminalidade em Lorena. Porque o problema não é exclusivo das linhas de ônibus. Comerciantes estão levando prejuízos com assaltos e trabalhando assustados com as portas de seus estabelecimentos abertas. Alunos e professores – sozinhos ou em grupos – de escolas de Ensino Fundamental, Médio e Superior são vítimas diárias de criminosos cada vez mais ousados e violentos. Pais vivem em pânico com seus filhos nas ruas. Trabalhadores que batalham diariamente para pagar seus bens têm seus celulares, carros, bolsas, bicicletas e afins arrancados sem a menor piedade. Cidadãos de bem que temem sair às ruas para pagar uma conta, fazer uma compra ou simplesmente fazer um passeio.

A população de Lorena vive em uma onda de criminalidade que assola todo o País. Sabe-se que as razões são inúmeras. Uma delas é que falta, sim, efetivo nas Polícias Civil e Militar da cidade. Faltam policiais, faltam viaturas, falta estrutura para os poucos policiais. Mas este já é um assunto para uma próxima matéria.

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