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Lorena, uma capitania hereditária?

03/06/2016

Na recente história política de Lorena, poucas vezes se viu um debate tão empobrecido, tão sensacionalista e sobretudo tão pouco produtivo para a sociedade lorenense. Em 2004, o legado de Aloísio Vieira já ruía em
meio a tantas denúncias de corrupção e proliferação da ideia do ”rouba mas faz” pela cidade. Não restou outra alternativa senão eleger Paulo Neme. Pouco recordamos dos candidatos daquela eleição, não por falha de nossa memória, mas porque eles próprios se fizeram esquecer na história.

O governo Paulo Neme não deixou dúvidas aos lorenenses quanto à ideia de que nem sempre assistencialismo e boa vontade podem comandar a máquina pública e, por más escolhas ou vistas grossas, nós vimos nossa cidade afundar numa crise política que respingou nas eleições de 2012, quando as alternativas eram Fábio Marcondes – empresário, ex-vereador, filho do ex-prefeito Carlos Marcondes; Élcio Vieira Júnior – filho do ex-vereador e naquele momento Secretário da Educação, Élcio Vieira, presidente da Câmara Municipal e um dos principais articulistas da gestão Paulo Neme; Sylvio Ballerini, irmão do ex-prefeito Arthur Ballerini e antigo diretor da EEL-USP; e o famigerado Subtenente Orlando da Papelaria da Rosária, conhecido já naquela eleição apenas como ”Orlando”.

Mais do que a trajetória política e méritos ou deméritos das gestões lorenenses, o que é notório é a qualidade dos candidatos que se postulam
ao Executivo e Legislativo municipais. Em 2012, os candidatos todos já tinham envolvimento com a política por herança familiar, o que remete à falta de opções que os lorenenses têm. Geralmente, ou se é filho de alguém com um sobrenome conhecido, ou se tem o apoio dessas pessoas. Por deveras vezes, isso foi danoso à administração pública e nós não aprendemos que uma boa administração não vem na genética.

2016 não será diferente. Já temos postulados ao Executivo o nome do atual prefeito Fábio Marcondes – que havia negado ser candidato; Sylvio Ballerini;
talvez a ex-prefeita e vereadora Lu Fradique; e especula-se muito o nome de Élcio Vieira Júnior. Só saberemos se isso se confirmará a partir das
convenções municipais, entretanto já sabemos: serão os mesmos, defendendo os mesmos interesses, as mesmas vontades e com as mesmas propostas.

Precisamos romper com esse ciclo político que tem empacado Lorena e feito a cidade crescer à base de solavancos: crescemos e paramos, crescemos e paramos, crescemos e paramos… Somente acabando com os ”governos hereditários” e havendo continuidade e aperfeiçoamento nas transições de gestão é que conseguiremos sair do limbo em que estamos na segurança pública, por exemplo. Nós precisamos e queremos sempre mais – mas até que ponto estamos dispostos a contribuir?

Paixões políticas têm cerceado as pessoas dentro da cidade, não permitindo o debate, o diálogo e a construção conjunta de um município maior e melhor – é o jogo das torcidas contra ou a favor, onde ninguém tenta ajudar ninguém.

Tenho a feliz oportunidade de estar estudando Gestão de Políticas Públicas no melhor curso da América Latina, da Universidade de São Paulo, e olho pra Lorena sempre na esperança de que tenhamos bons nomes, gestões mais arrojadas e um desenvolvimento contínuo, a longo prazo e eficiente
pra Lorena. Quando Guaypacaré vai sair da era colonial?

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Philippe de Morais Gama

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