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COLUNISTAS / Cantinho literário

Sérvulo Gonçalves

25/11/2014

Meu patrono da Academia de Letras
de Lorena – cadeira 29 – Sérvulo Gonçalves

Nasceu em Lorena, em 23 de dezembro de 1856, filho de Izaías Luiz Gonçalves e Maria Francisca de Paula.
Aos 8 anos, seguiu para casa do seu tio e padrinho, Major Francisco de Oliveira e Silva, em Taubaté, com o objetivo de aprender as primeiras letras em um modesto externato ali existente. Aos 13 anos, empregou-se no comércio, contrariado, pois já havia decidido estudar. Mas em 1875, juntamente com Jorge Rodrigues, moço talentoso e poeta, fundou um pequeno semanário intitulado “A Juventude”, onde ambos ensaiaram seus primeiros voos na arte literária.
Dr. Antonio Joaquim Rodrigues, então Juiz de Direito de Taubaté, ao ler os primeiros versos de Sérvulo, exclamou: “Esse moço tem jeito!”
Seu tio, verificando a decidida vocação desse moço para as letras, em companhia de vários amigos, ajudou-o a fundar o jornal “Imprensa de Taubaté”, ao qual Sérvulo muito dedicou parte de sua vida, onde muito trabalhou; abandonando-o somente quando obrigado a deixar Taubaté, visto como suas idéias de ardoroso republicano e abolicionista, abraçadas com entusiasmo, tornaram-no incompatível com seus protetores. Seguindo para Santa Anna dos Tocos, município de Resende, ali fixou residência em casa de seus parentes, tornando-se, por força das circunstâncias, mestre escolar e lavrador.
Em 1877, casou-se com sua prima Galdina Amélia Pereira; da união, vieram 5 filhos.
Republicano e abolicionista entusiasta, jamais deixou de acompanhar de perto essa campanha, colaborando assiduamente em todos os jornais de Resende. Um dos seus artigos – “Lede povo” – teve tanto êxito que serviu de bandeira a uma eleição da época, pleiteada por Nilo Peçanha e outros.
Com a Abolição, em 1888, e a República, em 1889, Sérvulo Gonçalves foi nomeado Intendente da Câmara de Resende e inspetor do ensino, cargos que recusou, por divergências com os chefes, aceitando, porém, o de subdelegado de Santa Anna, com a incumbência de promover o congraçamento de todas as facções políticas, o que brilhantemente conseguiu em pouco tempo, tornando-se desse modo o verdadeiro chefe de Santa Anna.
Infelizmente, sua ação benéfica foi de pouca duração, porque desgostoso com a ingratidão dos seus correligionários, pela inveja de que era alvo, e ainda por dificuldades financeiras, viu-se obrigado a deixar o campo de luta para a sua cidade natal. Em princípio, fixou residência em Piquete, vindo logo para Lorena.
Em 1904, foi nomeado escrivão de Paz e Oficial do Registro Civil, sucedendo, mais tarde, o primeiro de seus filhos, José Lucillo, ficando com o último, que exerceu até sua morte.
Em 1906, com Artelino Barreto e outros, fundou o Centro Social Beneficente de Lorena, do qual sempre foi presidente, com exceção apenas de um ano (1924).
O que é essa sociedade, quais os benefícios que tem prestado, sabe-o a consciência de todos, dispensando assim quaisquer comentários.
Em 1907, perdeu sua virtuosa esposa, companheira abnegada de lutas.
Sérvulo nunca deixou de escrever, colaborando em todos os jornais da terra, sendo por isso vultuosa a sua bagagem literária. Publicou 2 livros de versos – Cantos da Montanha e Flores do Sertão – deixando dois volumes inéditos – Catadupas e Tiririca – além de muitas poesias avulsas, contos, artigos humorísticos, etc.
Quanto ao seu valor como poeta, um moço talentoso, que também cultua com esmero e mimo as musas, assim se exprimiu: Sérvulo Gonçalves, o maior dos poetas lorenenses, nunca teve a ridícula loucura da fórmula. Artista desligado de qualquer escola literária, fazia versos bonitos e suaves para si mesmo e para o povo simples que tanto amava. O artificialismo dessa modernice tumultuosa e vazia, a falsidade romântica dos Florilégios, nada influiu na poesia de Sérvulo. Ele, mais que um poeta de rimas, era o poeta da bondade e da ternura.
Sentia tristeza universal e sabia traduzi-la, quase num murmúrio.
Ele foi um artista interior e por isso mesmo, incompreendido, porque não fez os duros versos de cérebro, mas as baladas místicas e silenciosas do coração.
Lutou sempre com as adversidades da vida, jamais esmoreceu, devido ao seu espírito culto e místico.
Faleceu nesta cidade em 1º de março de 1923, deixando 4 filhos: José Lucillo Gonçalves, Regina Gonçalves, Antonieta Gonçalves e Luiz Gonçalves.
A Biblioteca Municipal de Lorena tem o nome de Sérvulo Gonçalves.
 
Pesquisa realizada no Jornal “Gazeta de Lorena”, de 1924.  Mais tarde, Faustino César  escreveu Resenha Histórica de Lorena – da Coleção Lorenense Volume II, de 2000, colocando esses mesmos dados.

COLUNISTAS / Regina Rousseau

Membro fundadora da Academia de Letras de Lorena, da qual é atualmente a diretora Cultural, Regina Rousseau é licenciada em Pedagogia, professora, escritora e aprendiz de poeta. Compõe versos simples, melódicos e suaves para si mesma e para seu leitor. Em 1998, editou seu primeiro livro de poesias, “O Canto do Rouxinol”. Escreveu outros romances, ensaios e crônicas, muitos a serem editados. Escreveu no jornal Guaypacaré por 16 anos, uma coluna semanal; atualmente, escreve no jornal “O Lorenense”, no Cantinho Literário.

 


reginarousseau@hotmail.com

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