• SANTA CASA SECUNDARIO

FOTOS
VÍDEOS
COLUNISTAS / Perai, vem cá

O mais simples…

20/11/2014

Por Jéssica Terezinha do Carmo Carvalho
Não precisei de muito para retirar daquele momento o que mais de belo ele poderia conceder … 
Era uma cena muito simples, rotineira talvez. Mas foi uma das mais belas que presenciei…
Um homem bem afeiçoado, cumprindo seus deveres de cidadão, entregara um presente a uma criança desconhecida de seu mundo farto.
A pequenina, apressada, pegou aquele embrulho e abriu sem muitos cuidados… Seus olhos brilharam ao retirar da sacola uma caixa, quase do seu tamanho, e avistar o brinquedo mais belo que já tivera a oportunidade de possuir durante a sua pouca estadia terrena.
Fiquei imaginando a docilidade de ser feliz com tão pouco. Por agraciar-se com o que para tantos, seria apenas mais um objeto.
E de repente, aquela criança soltou o embrulho, e, no impulso, agarrou-se no pescoço daquele homem, e deu-lhe o abraço mais apertado que possivelmente ele já tivera na vida.
E sem forças para tentar se proteger, desesperado, o homem a abraçou, de modo que aquele ser tão pequenino ficasse escondido debaixo de seus braços.
Por um momento, desejei que aquela cena perdurasse eternamente. E com o pensamento distante, assustei-me com um pulo repentino, que me fez ficar preocupada.
A criança, sem asas, voou até seu brinquedo e, olhando-o fixamente, retirou-o da caixa; acariciava e sorria.
O homem fitou sobre ela seu olhar e tentava adivinhar qual seria seu próximo ato. 
E aquele, que no gesto premeditado entregara o seu presente, com os olhos cheios de lágrimas, após grandiosos minutos estático, movimentou-se para ajudar a criança, que havia se dirigido em direção à caixa, e com um esforço, queria nela entrar.
E, sem saber como agir, o homem resolveu sentar e brincar, velando para que tudo ocorresse bem naquela caixa.
Fiquei imaginando a docilidade de ser feliz com tão pouco. De contemplar aquilo que para tantos sábios, seria apenas mais um objeto.
Impressionante a capacidade de uma criança de quebrar corações endurecidos pelas dificuldades vivenciadas. Foram furtadas daquele indivíduo todas as armas e pedras.
E foi interessante perceber, naquele instante, quão mecanizados somos, esperando determinadas atitudes; e esquecemos da capacidade humana de agir com o coração.
Às vezes, não precisamos daquilo que está dentro do embrulho. Precisamos do próprio embrulho. Precisamos do mais simples que a vida possa nos dar.
Sobre a autora
É acadêmica em Direito, cheia de sonhos e que se aventura pelo mundo sublime das palavras. “Aquilo que está na mente e no coração torna-se eterno quando é cuidadosamente exposto em uma folha de papel”.
jessyca-carvalho@hotmail.com
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário.

COLUNISTAS / Academia Jovem de Letras

Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena.  Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.


samira_007_@hotmail.com

MAIS LIDAS