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COLUNISTAS / O saber acontece

Liberdades e escolhas

04/12/2014

Há fortes embates entre as escolhas individuais e o convívio em sociedade. Em tese, a convivência harmônica se dá quando cada um abre mão de um pouco para que todos tenham mais. Boa tese, comprovada até, mas de difícil aplicação sem questionamentos. Haverá sempre aquele que quer se beneficiar da colaboração alheia para ter mais do que a sociedade estaria lhe proporcionando e outros que se sentirão injustiçados porque têm acesso a menos produtos e serviços do que acreditam terem direito.
A vida em sociedade questiona a liberdade do indivíduo. Também é preconizado que todo homem nasce livre e assim deve permanecer. Mas e se eu quiser ter a liberdade, por exemplo, de sair matando todas as pessoas que eu encontrar pela frente? A liberdade terá seus condicionantes, um deles é que seu limite é a liberdade do outro. Também um belo conceito de igual dificuldade de entendimento e assimilação. Mesmo que eu quiser tirar a vida de uma pessoa que queira morrer, as regras sociais impedem tanto um quanto outro ato. No caso do morto, cairia sobre ele o desprezo e a indignação e sobre o matador a pecha e a condenação de assassino.
Mas discutamos uma questão mais simples: o uso de drogas. Faz parte da liberdade do indivíduo usar drogas, quer sejam lícitas ou ilícitas? Um “depende” será a melhor resposta. Lícito em qual país, em qual cultura? Para os muçulmanos, álcool é bebida do demônio, pois tira a capacidade de discernimento da pessoa. Para mim, fumar ao meu lado é um convite para a inimizade. Toleramos o álcool, o fumo e a cafeína; discutimos a liberação da maconha e execramos a cocaína e seus derivados. Não deveria ficar no âmbito da escolha do indivíduo e seu conceito de liberdade? O contraponto é que as drogas chamadas pesadas levam o indivíduo à perda da liberdade, tornando-se prisioneiro do vício. E isso custo muito caro ao resto da sociedade em tratá-lo ou recuperá-lo. A mesma lógica para o fumo (quantos morrem de câncer pulmonar?) e álcool (quantos morrem em acidentes devido ao consumo de álcool)… ainda não vi nada profundo quanto à cafeína e vou tomando meu café aqui inocentemente.
Outras escolhas também fazem parte desta vida em sociedade e no momento, além das drogas, outras questões são postas à discussão: aborto, redução da maioridade penal, voto facultativo. Opinião sobre tudo isso todos nós temos e cada qual tem total convicção e certeza de que tomou uma posição ponderada. Mas somos influenciados justamente pelo que somos, nosso valores construídos pelo que vivemos e no que acreditamos. Assuntos que voltarão à tona nos próximos textos. Convido todos a pensarem, pois o pensamento é a base do conhecimento e apenas conhecendo é que saberemos o que realmente são nossas liberdades e nossas escolhas.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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