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COLUNISTAS / O saber acontece

Desinformação

08/01/2015

Uma famosa médica de Lorena revelou que precisava assistir ao Fantástico, programa da Globo de domingo, pois na segunda-feira muitos pacientes ligavam no consultório para obter detalhes sobre o medicamento ou tratamento inovador que havia sido matéria de reportagem naquele suposto “programa de variedades”. Muito preocupada, ela se obrigava a levantar informações precisas sobre aquilo que era notícia de um programa que tem por título não tratar das questões de forma séria, mas sim fantástica. 
Primeiramente, ainda surpreende a quantidade de pessoas que se utilizam de programas de entretenimento para levantar sua base de conhecimento. Também é interessante saber que, mesmo com amplo acesso a dezenas de outros canais abertos ou por assinatura, além da quantidade enorme de material na internet, uma parcela significativa de pessoas contenta-se em se acomodar frente àquilo que é o mais fácil, mas chinfrim, enfim, àquilo que as outras pessoas também assistem. Parodiando uma certa propaganda: é ruim porque todos veem, ou todos veem por que é ruim?
Recebo quantidade grande de e-mails de amigos e colegas solicitando para urgentemente compartilhar e divulgar certas “notícias”. De tratamentos milagrosos de câncer a pessoas desaparecidas, além de estapafúrdias mentiras e armações políticas, tudo compõe o que se chama de lendas urbanas modernas. O que é mais interessante é que os desmentidos de tais informações estão na própria rede de computadores, mas a preguiça e aquele mesmo sentimento de acomodação frente à televisão predominam. Mais fácil apertar o botão de enviar à lista de amigos e apagar quando algum infeliz resolve questionar, pois a mentira propagada tem ares mais poéticos, misteriosos, instigantes que a simples negação do fato.
As árvores de Natal estão sendo desmontadas, as guirlandas retiradas das portas, as luzinhas piscantes sendo apagadas. O ano começa, junto com a desinformação eletrônica, virtual e televisiva. Bom que me dá assunto para comentar. Ruim, pois continuo apagando vários desses e-mails.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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