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COLUNISTAS / Perai, vem cá

Renove-se: seja o milagre de alguém

08/01/2015

O homem como um coletivo
Por Wagner Ribeiro
A parte mais bonita de começar um novo ano é o começar de novo. É o renovar-se, buscar novos métodos, realizar desafios, cumprir promessas e tantas inúmeras coisas que desejamos com a vinda dele.
 
Todos têm trabalho a fazer. Há tarefas a serem cumpridas. Esse ideal de recomeçar, em geral, se dissolve nos afazeres exaustivos ao longo do ano, especialmente quando a fadiga e o cansaço nos usurpam. A renovação fica, então, para o ano seguinte, uma vez que, sem dúvida, ele chegará.
Somam-se mais de sete bilhões de seres humanos no mundo. A espécie humana é, de longe, a mais inteligente dentre todos os outros tipos de vida no planeta Terra. Há muito tempo, entretanto, ocorreu a centralização do modo de viver em torno do capital. Com toda essa facilidade de compra e o crescente individualismo provindo dela, se preocupar com o outro se tornou algo ermo. Hoje, a renovação anual foca-se no “irei juntar dinheiro para comprar um carro”, ou “começarei uma nova dieta” e tantos outros objetivos que, se listados, perderíamos nossas vidas tentando escrevê-los completamente, visto que a cada ano surgem novos.
 
A realidade de viver passa a existir numa esfera singela formada apenas pelo indivíduo, se esgueirando, às vezes, a um grupo de amigos e à família. As pessoas íntimas de nós e em nossa morada (a Terra) foram simplesmente esquecidas. Desse modo, nos defrontamos em uma contradição no que tange a nossa existência nela. Vale mencionar que há 10 mil anos, os ancestrais da humanidade sobreviviam da caça e da coleta oferecida pelos caminhos que percorriam, visto que eram nômades. Tudo era dividido. Não existia o individual. Apenas o coletivo. Viver uma vida itinerante significava dispor de poucas posses, visto a grande locomoção em busca de alimento. E a ideia do compartilhamento vinha da caça coletada pelos grupos de locomoção formados, compartilhando a comida e, em caso de outras situações, compartilhavam para diminuir o peso (1)
De fato, o individualismo e o monetário se fazem necessários. São avanços políticos que moldaram a sociedade e continuam a moldá-la. Ela está, como se pode perceber, em constante metamorfose. Porém, se não mudarmos alguns dos hábitos sociais, estaremos propícios a nos direcionarmos à extinção do bem estar e contato social, que é um direito de todos.
O contato e a sensibilidade humana para a formação social
Existem inúmeras maneiras de restabelecer este contato. A primeira delas é, sem dúvida, a comunicação via transição de conhecimento, através da troca de estudos. Sendo um país miscigenado, a bagagem cultural do Brasil, comparada à sua pouca idade em relação a outros países, é grandiosa. Infelizmente, a baixa escolaridade da população em geral acaba por prejudicar os avanços culturais. Desse modo, “estudo” significa, acima de tudo, passar o que se conhece a outro. Preservar o que se tem. 
Nos dias atuais, preservar os patrimônios locais e nacionais é de extrema importância. Tal atitude significa preservar a bondade que está intrínseca no brasileiro, a sua receptividade e seus diversos aspectos elogiados por estrangeiros. E é somente pela aquisição de conhecimento como objeto de estudo permeando todas as camadas sociais que conseguiremos tal proeza.
A formação social exige também sensibilidade e uma das ferramentas de aprimorá-la são os exercícios de trabalhos voluntários. Trabalhos sociais acabam por ser uma excelente alternativa para quem quer sentir o lado bom e buscar novas energias ajudando pessoas necessitadas. Na cidade de Lorena, existem inúmeros projetos e fundações que se dirigem a formar e a mostrar um mundo melhor a essas pessoas. O que se ganha em troca é ainda mais gratificante: aprende-se que, embora tudo pareça extremamente difícil, as nossas dificuldades, quando equiparadas a deles, são apenas problemas rotineiros. O exercício do voluntariado é a chave para enxergar com outros olhos os lindos lados da humanidade. A fraternidade, a união, a alegria e a simplicidade são alguns dos exemplos que se podem observar nos olhos dessas pessoas que pedem tão pouco, quando deveriam receber muito. Independente das crenças e filosofias que cada um possui ajudar o próximo sempre será uma injeção de ânimo quando a vida passa a ser enegrecida.
Porém, caso acreditar que ainda não está preparado para tal atividade, visto que cada ser humano possui suas limitações, você pode exercer a solidariedade e o voluntariado por onde mora. 
Na verdade, todos deveriam ter esta consciência sensível. 
Leia para crianças com um tempo do seu dia e em uma creche municipal. Recolha alimentos na sua vizinhança e entregue em instituições de caridade ou na prefeitura de sua cidade. Ensine aos seus próximos bons modos com o planeta. Plante árvores. Não jogue lixo no chão. Não gaste água no banho ou ao escovar os dentes. Tenha uma garrafinha de água na mochila para evitar o descarte de plástico e impulsionar a reutilização. Leve seus lixos no bolso ou em uma pequena sacola para descartá-los em locais adequados. Ande mais. E, se possível, dê mais carona – temos eminentemente aflorar mais este hábito gentil. Ande mais de ônibus. Seja mais educado. Agradeça mais. E, acima de tudo, sorria, pois nada é para sempre e talvez sejamos a porta para tornar o dia de alguém melhor. De quaisquer modos, procure respeitar e amar mais o lugar e as pessoas que estão à sua volta. 
Em suma, mediante a estas dicas que fomentam a nossa sensibilidade e a nossa formação social, não significa, obviamente, que você deva viver em função disto, tampouco que és obrigado (a) a exercê-las, pois, estas são apenas ferramentas de demonstrar que existem novas maneiras de enxergar positivamente o mundo a nossa volta e perceber que, na verdade, tudo é uma questão de ponto de vista. Como Einstein citou, em um dos seus poemas: “Há duas formas para viver sua vida: uma é acreditar que não existe milagre, a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre”. 
Seja o milagre de alguém! Feliz 2015! 
(1) Baseado em “O que aconteceu na Terra? A História do Planeta, da Vida & das Civilações, do Big Bang até Hoje”, de Christopher Lloyd. Páginas 103-106.
Sobre o autor:

Wagner Ribeiro nasceu em Lorena – SP, no dia 18 de fevereiro de 1998, e hoje mora em Piquete – SP. Tem 16 anos e está cursando o 2º ano do Ensino Médio e do Ensino de Técnico em Química pelo Colégio Técnico de Lorena, que pertence à USP e está inserido na Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP. Gosta da área de Química, na qual pretende seguir carreira, mas também nutre paixão por Filosofia, Sociologia, além de Literatura, Astronomia e encanta-se por Metafísica. Escreve desde os 8 anos de idade, adora projetos sociais, MPB e Renascimento. 

Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário.

 

COLUNISTAS / Academia Jovem de Letras

Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena.  Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.


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