Em coletiva de imprensa reunindo sua equipe, foi apresentado o Plano, com investimento de cerca de R$ 2,5 milhões. População precisa colaborar descartando o lixo corretamente
Dentro de 90 dias, devem ser apresentados os projetos e já aberta licitação para começar a ser executado o Programa de Captação de Águas Pluviais (PCAP) de Lorena. O anúncio do Programa foi feito na manhã do dia 5 de fevereiro, pelo prefeito Fábio Marcondes, durante coletiva de imprensa, acompanhado de seus secretários de Obras e Planejamento Urbano (Marcos Anjos), de Serviços Municipais (Nelson Bittencourt) e de Comunicação (Ednelson Prado).
Limpeza: falta educação
Na coletiva, o secretário Marcos Anjos falou sobre o que foi feito nos anos de 2013 e 2014, incluindo a limpeza dos rios que cortam a cidade; e que está prevista nova limpeza para este ano. Em dois anos, segundo a Prefeitura, foram feitas limpezas e desassoreamentos em 11.240 metros de extensão de rios e córregos, com o investimento de mais de R$ 398 mil para melhorias no escoamento de águas. Também foram feitos investimentos de cerca de R$ 1.180.900 na construção de 1.646 metros de galerias pluviais.
O secretário ressaltou a limpeza constante que é feita nos bairros, mas que uma parcela significativa da população não tem colaborado. Terrenos são limpos em um dia e alguns dias depois, já estão cheios de entulho, móveis velhos (como sofás) e outros tipos de lixo novamente.
Para se ter uma ideia da gravidade do problema, entre as chuvas de dezembro de 2014 e janeiro de 2015, durante a limpeza próximo à ponte da avenida Targino Vilela Nunes, na Vila Nunes, foi encontrado um acúmulo de 300 toneladas de lixo. Já na Vila Geny, próximo à Igreja Cristo Rei, a galeria de águas pluviais ficou entupida em uma profundidade de 1,5m com lixos como garrafas pet, pedaços de madeira e plásticos.
Este foi um ponto bastante enfatizado durante toda a coletiva: não adianta a administração municipal fazer a limpeza necessária se a população não colaborar. É como no trabalho contra a dengue: não resolve jogar a culpa na Prefeitura e não fazer a sua parte.
O prefeito reconheceu que faltam lixeiras espalhadas pela cidade, mas disse que também falta colaboração. Os contêineres da empresa Eppo distribuídos pelo Centro e vários bairros, por exemplo, nem sempre são respeitados. “Além das pessoas jogarem resíduos de pequenas obras neles, ainda temos problemas de vandalismo e até já queimaram contêineres”.
Fiscalização e descarte correto de lixo
Outra questão abordada foi o cumprimento da lei da calçada e do muro. Fábio Marcondes garantiu que a Prefeitura tem notificado e multado muitos donos de terrenos que não são limpos. Como exemplo, citou o Centro da cidade: dos terrenos ainda vazios naquela região, cerca de 70% deles pertencem a 10% da população – pessoas que não vendem suas terras e nem fazem nada nelas, aguardando valorização. Esses locais precisam de constante fiscalização, para que fiquem limpos.
Em relação ao descarte correto de material inerte, como sofás e outros móveis velhos, pedaços de madeiras e galhos de árvores, o prefeito lembrou que existe um local no bairro Novo Horizonte específico para o descarte de material inerte. E que é lá que as pessoas precisam jogar este tipo de lixo, para evitar que os prejuízos sejam ainda maiores quando há alagamentos e inundações.
O problema das inundações
Para Fábio Marcondes, o momento é difícil. Além das chuvas caírem em um volume absurdo, acima do normal, ainda há o problema das galerias de águas pluviais serem antigas e insuficientes. A cidade cresceu, a população aumentou, houve a impermeabilização do solo, com asfaltamento e outras obras, entre outros. O resultado é o que a população assiste hoje: alagamentos por toda a cidade, a cada vez que chove forte. “Eu me sinto incomodado e não consigo administrar uma cidade vendo a água invadindo as casas, chegando até um metro de altura, as pessoas perdendo seus móveis”, afirmou.
“Em 2013 e 2014, nós colocamos em prática o Plano Preventivo de Combate às Enchentes e fizemos vários investimentos em galerias, começando pelo bairro Cabelinha; depois a rua de trás do Clube Comercial, próxima à avenida Papa João XXIII, local também problemático, perto do viaduto”, disse.
Na rua Amélia Pereira, paralela à Madame Curie, na Vila Zélia, o prefeito e o secretário Marcos Anjos explicaram que foi uma obra complicada, com grandes riscos estruturais, pois ela chegou a 7m de profundidade. Porém, uma obra necessária. “A construção dessa galeria influencia lá na Madame Curie, atrás da quadra do Cemari” (onde há grave problema de inundação), falou Fábio Marcondes.
Foi explicado também que está sendo iniciada agora obra na Vila Brito, em pontos críticos; e que serão iniciados trabalhos também na Vila Vicentina, no Parque das Rodovias, um dos principais problemas de inundação em Lorena. Segundo o prefeito, aquela é uma região que foi ocupada desordena e ilegalmente. “A água ia pra lá naturalmente; agora teremos que fazer o inverso para resolver o problema”.
Plano é concluir as obras ainda este ano
De acordo com Fábio Marcondes, o Plano lançado agora em fevereiro não inclui as obras que já foram feitas e as que estão em andamento.
Este é um novo projeto e é para 2015. Dentro de 90 dias, espera-se apresentação completa do projeto e o orçamento, que deve ficar entre R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões. Na sequência, já deve ser lançada a licitação, prevista para maio. Em julho, a ordem de serviço. E depois – agosto, setembro, outubro e novembro – as obras. A idéia é concluir o serviço antes da próxima temporada de chuvas.
Apesar do prazo de 90 dias para o projeto todo, o prefeito quer a apresentação por partes, conforme for sendo concluído. “Até o dia 30 de março, aguardamos apresentação de projeto para o bairro Cidade Industrial, que hoje enfrenta problemas sérios de alagamentos. O caminho é a distribuição hídrica; será uma obra complexa, mas que terá reflexos até lá na Vila Cida”, explicou.
O prefeito também disse que os projetos contemplarão pontos críticos como a Vila Passos; a esquina da Comgas, na avenida da Rodoviária; construção de galerias para resolver o problema nas avenidas Papa João XXIII, Oswaldo Aranha, Peixoto de Castro; entre outras.
As obras visam a construção de galerias de águas pluviais em locais que chegam a ficar alagados com uma altura de mais 80 centímetros. Onze ruas dos bairros Cidade Industrial, Bairro da Cruz, Vila Passos, Nova Lorena e na área rural devem ser contempladas pelo Programa.
Cidade não tem estrutura
Fábio Marcondes lembrou que vai ser um trabalho difícil, vai incomodar, quebrar ruas, fazer sujeira, mas que é necessário para resolver a questão dos alagamentos. Geralmente, nos locais onde as obras já estão acontecendo, a Sabesp também está refazendo a rede de esgoto.
“A tendência é a verticalização e isso não dá pra impedir, mas a cidade não tem estrutura de rede de esgoto para esse crescimento. O sistema de drenagem também é de décadas atrás e não comporta a realidade atual, com a impermeabilização do solo e o aumento da população. Com a verticalização, vai piorar”, disse. Então, o trabalho também já está sendo desenvolvido pensando também nessa questão, do crescimento ainda maior da população.