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COLUNISTAS / Outros papos

O avanço e agravamento da dengue

16/03/2015

Falta de planejamento em saúde por falta de dados está agravando os casos de dengue. Subnotificações de casos são entraves para a definição de políticas públicas. Especialista afirma que para chegar a um número real, deve-se multiplicar os casos notificados por dez. Se temos 151 confirmados em Lorena até o momento, então teríamos na realidade 1.510; ou seja, já estaríamos vivendo uma epidemia da doença

 
A Vigilância Epidemiológica, que combate e acompanha a dengue, deve ter agilidade suficiente para detectar precocemente as epidemias e casos de evolução grave, reduzindo a morbidade através da prevenção e a letalidade através de uma assistência correta e sistematizada. 
Para que isso aconteça, precisamos de informação em saúde; e para esse tipo de agravo, temos o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Até aí, tudo bem. O problema é que nem todos os serviços de saúde notificam como deveriam e muitos casos não são notificados. Este problema ocorre devido a alguns fatores, como: subnotificação (casos não notificados ou não confirmados), atraso nas notificações e digitação dos dados, problemas no processamento e transferência das informações e a ausência de uma retroalimentação adequada à fonte notificadora, gerando desestímulo e descontinuidade do processo, sem contar que ainda existem, segundo pesquisas, secretarias de saúde que não divulgam o número de casos devido à visão distorcida e despreparada que o quadro real gera um sentimento de desprestígio e incompetência para a gestão. E é desta forma que o Aedes aegypit prolifera e a dengue, ano a ano, vem fazendo mais vítimas, inclusive fatais.
Numa situação de epidemia, a emergência fica lotada e, juntamente com os outros casos graves de pronto atendimentos, como acidentes e outras emergências, a equipe acaba tratando o doente e não notificando.
Ainda não existe a cultura de notificação nos consultórios particulares, levando bairros com grande número de casos ao vazio no registro epidemiológico, prejudicando as ações de prevenção. Em Lorena, por exemplo, apesar dos inúmeros relatos de casos em bairros como Nova Lorena, Vila Zélia e Vila Geny, os números não apareceram na epidemia de 2011. Motivo simples: a maioria dos moradores desses bairros, por terem convênio médico ou melhor condição econômica, trataram-se em consultórios particulares ou hospitais privados. Essa falta de notificação levou a um planejamento de prevenção que não priorizava essas regiões, em detrimento dos bairros com grande número de casos notificados.
Essa situação não foi verificada somente em Lorena; é uma realidade que também foi percebida nas cidades da região e em outros estados brasileiros. 
Em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, no dia 28 de junho do ano passado, o médico Edimilson Migowlski, chefe da Infectologia da UFRJ, disse que para chegar ao número real, deveria se multiplicar os casos notificados por dez; portanto, muito aquém da realidade.
Em Lorena, por exemplo, até a sexta-feira, 13 de março, tínhamos 151 casos de dengue confirmados. Se aplicarmos a instrução do dr. Edimilson, chegamos a um número bem maior: 1.510 casos. E este número caracterizaria uma epidemia grande.
Essa falta de notificação (não apenas com a dengue, mas com relação a outras patologias também) tem levado ao agravo e avanço da doença no Brasil, fazendo vítimas, causando prejuízos econômicos e, cada vez mais, matando pessoas que bem poderiam estar vivas se houvesse uma política pública de saúde adequada e não mascarada pela falta ou imprecisão de dados; dados esses que são obrigatórios e custam apenas uma folha de papel.

COLUNISTAS / Mafu Vieira

Valdemir Vieira, popularmente conhecido como Mafu, é formado em Enfermagem e Obstetrícia pela Unitau, pós-graduado em Terapia Intensiva e mestre em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem da USP, com trabalhos apresentados no Brasil e exterior, além de responsável técnico de Enfermagem do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) – Lorena. Professor convidado nos cursos de pós-graduação da Fatea e outras universidades das cidades vizinhas, palestrante dos assuntos de políticas públicas e motivacionais, Mafu também é formado em Professional and Self Coaching, potencializando as lideranças profissionais em diversas empresas e em áreas distintas. Lorenense nato e ex-vereador, está sempre envolvido e atento aos assuntos da cidade e vem, com a mesma performance de colunista que foi do Jornal Guaypacaré, diretamente para a coluna, de mesmo nome, no Portal “O Lorenense”. Com ele, são “Outros Papos”…



maphus@gmail.com

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