• SANTA CASA SECUNDARIO

FOTOS
VÍDEOS
COLUNISTAS / O saber acontece

Uma pitada de…

19/03/2015

Nos tempos de Faenquil, fizemos um mini-curso dinâmico de negociação e uma das tarefas era elaborar uma proposta de atividade econômica para a região. Partia-se de uma estimativa da população. Um dos colegas, perfeccionista, queria que soubéssemos exatamente a população do Vale do Paraíba para seguir adiante, indo à biblioteca para consultar; os demais diziam que não bastaria “chutar” um número, pois o objetivo não era a exatidão do valor, mas sim aplicar os conceitos que estávamos estudando.
Mesmo em situações de refino estatístico ou de precisão em medidas, uma estimativa pode ser muito útil para dar sequência a uma atividade. Nem sempre valores exatos são necessários, como na simulação do exercício negocial. Alunos de engenharia são sempre convidados a tais desafios, quando se pede para estimarem o custo de uma obra, ou a eficiência energética de um processo fictício. Nem todos se habilitam a encarar a empreitada.
É claro que chama a atenção quando há muita discrepância nesse tipo de abordagem, que pode resultar em confusão, como a do cálculo do número de pessoas que estavam na Avenida Paulista no último domingo. Uma entidade estimou em 200 mil e outra em mais de um milhão. O fato virou motivo de chacota na internet, com especialistas mostrando ser impossível um número tão grande de pessoas em função do espaço, da área que foi ocupada. Outros argumentavam que por trás dos números há ideologias, de parte a parte, para inflar ou desprezar a quantidade de pessoas.
O cálculo parte de estimativas de adensamento populacional e da visão que se tem da área sendo usada. Hoje, com drones, helicópteros e outras ferramentas, fica difícil entender por que os resultados são tão discrepantes. Não é tão sem importância como a pitada de sal adicionada em um bolo, que pode ser pouco a mais ou a menos quando medida em gramas, mas não interferirá no resultado gastronômico final.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

MAIS LIDAS