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COLUNISTAS / Maria Luiza

E o outono chegou…

26/03/2015

Foi no dia 20, ao entrar da noite. E pelo que li no caderno Aliás, do Estadão, há pessoas que já procuram no céu o azul inconfundível do outono, como o fotógrafo do Estadão Flávio Romero, que na sua página nos conta o porquê do azul límpido do outono: “Nesta estação a luz do sol atinge a Terra obliquamente, proporcionando uma luminosidade lenta e suave. Também venta mais, há menos poeira e umidade na atmosfera. Eis a receita para um céu azul mais denso e profundo”.
E ele colocou no jornal fotos de um azul mais profundo, naturalmente não de agora, nesta entrada chuvosa e nublada do outono, mas de fotos antigas. E olhando as fotos, também eu ansiosamente espero o azul do outono no céu e na Mantiqueira, que fica lindamente delineada pela limpidez do céu! E chega de céu nublado, nuvens carregadas e chuva que vem, mas não ainda o necessário.
E de repente me lembro do 22 de março, do Dia Mundial da Água, cuja existência me traz à mente a existência de Deus, porque sem a água não existe vida, fazendo-me também lembrar da poesia sobre a água que está no meu livro “Chuva Doce”, e que registro aqui num momento em que o faltar da água pode afetar até a nossa vida:
Útero da Vida

“E o Espírito de Deus pairava sobre as águas”
Gênesis 1-2
E das águas surgiu a semente de todas as sementes
E as águas cresceram, e as águas rolaram
e giraram e continuam a girar
entre a terra e o céu, céu e terra;


Lá nas montanhas, espocando dos dedos do Criador em fontes,
sorriso de Deus,
rebentos da vida recriada a cada instante,
brincando nas pedras, despencando nos abismos,
estourando no ar o ribombar encantado
da força nascida,
se derramando em rios que abrem caminhos 
nas pedras, nas rochas, na selva, na terra,
a correr e a rolar
em busca do mar…


bailando no céu
coroada com as sete cores enfeitiçadas, roubadas do sol,


relembrando, que, um dia
aconteceu para a eternidade
a aliança do Criador com sua criatura…


Águas insípidas, inodoras, incolores,
águas místicas que batizam e dessedentam
para a eternidade;


Águas magoadas
pela ingratidão dos humanos
Águas nas lágrimas da natureza agredida
lá no incêndio das florestas,
no sumiço dos animais silvestres,
no roubo do ganha-pão dos índios,
nos rios encardidos, mutilados,
entupidos de sujeira…,
no ar envenenado
nos horizontes cinzentos…


Águas sagradas e santas
que saciam a sede dos que te poluem e envenenam,


lavai também a insensatez
de todos os mortais que se esquecem
de que,também tu, útero da vida,
podes ter fim…
  

COLUNISTAS / Maria Luiza Reis

Maria Luiza Reis Pereira Baptista é diretora de escola aposentada, membro da Academia de Letras de Lorena, da qual é sócia fundadora. Membro do IEV (Instituto de Estudos Valeparaibanos) e autora do livro de poemas “Chuva Doce”. Foi colunista do Jornal Guaypacaré durante mais de dez anos, tendo escrito mais de 400 crônicas.

 


baptista@demar.eel.usp.br

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