Por Thiago José de Souza Oliveira
Recentemente, me veio ao conhecimento uma cena específica do filme ‘Desafiando Gigantes’, lançado em 2006, que ganhou enorme visibilidade nos meios empresariais.
A cena narra a fase ruim de um time de futebol americano liderado por seu capitão desmotivado. Sendo desafiado pelo técnico, o capitão é levado a caminhar 50 jardas com um de seus companheiros nas costas. Sem ter muita fé em si próprio, desacreditado por todos, aceita, bem sabendo que não aguentará muito. O resultado? A conquista lhe é agraciada. Mas, o que mais me deteve a atenção na trama não fora somente o desafio aceito e conquistado, e sim o modo, os entremeios que o levaram a atingir o objetivo, o enlace final de seu desafio.
No primeiro artigo, intitulado “Segundas palavras, demais passos…”, desta breve trilogia, publicada em 13 de novembro do ano passado, falei da relevância dos detalhes corriqueiros que complementam nossa vida, que nos impulsionam a novos rumos, a ares mais doces.
Cada entremeio, cada detalhezinho bobo que deixamos de lado e nem sequer nos importamos, nos impulsiona a desafios novos e estranhos a nossa percepção. Em tempos difíceis como este a que vivenciamos, nossos ânimos também são cobrados num nível elevado de dificuldade.
Estas linhas não são referenciais de ajuda, como os textos infinitos que encontramos jogados nas redes sociais, mas são linhas que pensam sobre a tela em branco, destacando a atenção para os desafios e consequentes conquistas.
Sonhamos ocupar o lugar da estrela a brilhar no instante dos aplausos emocionados e impulsivos da plateia ao fim da peça apresentada com êxito, mas não damos a menor importância ou até mesmo conhecimento aos dias e noites intensos que a atriz passa a ensaiar. Acompanhamos mais uma vitória do incrível piloto ao conquistar o lado mais alto do pódio, mas nos esquecemos das horas torturantes que o fazem ficar até mais tarde no simulador; e ainda os segundos imprevisíveis em que utiliza suas habilidades adquiridas na curva meio milímetro fechada que quase o tira da corrida.
Ou então, ser o escritor famoso que vende bilhões de cópias em edições poucas, só para ter o nome estampado nas vitrines coloridas das gigantescas livrarias, sem se dar conta de que o grandioso escritor passa horas, noites e tardes a fio sendo consumido pela própria razão quando da ausência de inspiração.
As conquistas elucidam páginas e páginas que antes eram brancas e sem vida, mas não retratam os entremeios ressalvados no texto anterior.
Perguntamos-nos, “O que se passa nas cabeças daqueles quando dos aplausos intensos, dos prêmios constantes ou dos livros aos milhões vendidos?” Sabe o que se passa? Valera a pena passar as noites em claro, os dias sem ânimo, mas com insistência para o treino e o estudo. Valera alcançar a nota máxima na disciplina dificultosa que em nada nos agrada, pelo simples fator do sentido dos entremeios, dos detalhes bobos que nem mesmo denotamos importância.
Em cada detalhe, estamos escrevendo uma palavra a mais em nosso discurso, a fim do alcance do lugar mais alto do pódio.
Sobre o autor:
Jovem historiador de 26 anos, bacharelando em Direito, escritor, acadêmico membro fundador da Academia Jovem de Letras de Lorena, corintiano louco apaixonado, autor de extenso rol de artigos científicos. Um jovem acadêmico fissurado pela escrita e pelas aventuras literárias.
Esse texto é de exclusiva responsabilidade do autor. A AJLL não se responsabiliza pelas possíveis opiniões aqui apresentadas. Respeitamos a criação literária de cada autor, difundindo linguagem literária de linguagem gramatical, em textos que julga ser necessário
