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O mercado de trabalho para pessoas cegas

22/04/2015

Se hoje a inclusão de pessoas com deficiência é debatida com maior ênfase no que se refere à educação, concluir a escolarização básica ou o ensino superior traz a necessidade de uma mudança de foco para conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho.
 
A reserva legal de cargos, também conhecida como a Lei de Cotas, estabeleceu a obrigatoriedade das empresas com mais de 100 empregados preencherem uma parcela de seus cargos com pessoas com deficiência. O art. 93 da Lei nº 8.213/91 definiu que a cota depende do número geral de empregados que as empresas têm em seu quadro, na seguinte proporção: de 100 a 200 empregados, reserva de 2%; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1000, 4%; de 1001 ou superior, 5%.
 
Apesar disso, o receio em contratar uma pessoa cega ainda é constante entre a maioria das empresas aqui do Vale Histórico. O reflexo disso mostra que os postos de trabalho não possuem empregados cegos, ou porque alegam não encontrar mão-de-obra qualificada, ou pelo custo de uma adaptação. E ainda há um terceiro caso, daquelas pessoas que embora qualificadas, não cumprem os requisitos de um cargo inferior à formação inicial delas.
 
Dá pra contar nos dedos de uma das mãos quantas são as pessoas cegas que estão inseridas no mercado de trabalho aqui na região e, embora com postos de trabalhos sem adaptações, fazem o possível para que sejam tão produtivas quanto outros funcionários.
 
Afinal, fica caro adaptar um posto de trabalho para contratar um empregado cego?
 
As adaptações variam muito, conforme a necessidade do empregado, e podem levar em conta a acessibilidade arquitetônica, como piso podotátil, sinalização Braille, maquetes táteis, além de organização física do ambiente e mobiliários para desobstruir caminhos. Existem também tecnologias assistivas que auxiliam a pessoa cega na execução das tarefas e atividades, como por exemplo, software leitores de tela para computador, scanners digitalizadores de documentos, impressoras e máquinas Braille.
 
Convém que cada empregador converse com o candidato cego para verificar quais as adaptações que precisa para desempenhar sua função corretamente. Conviver com um colega de trabalho cego pode ser um aprendizado constante e que resulta na melhoria e na qualidade de atendimento ao consumidor daquele serviço que pretende oferecer ao público. Afinal, todos ganham com a inclusão.

COLUNISTAS / Luciane Molina

Luciane Molina é pedagoga, braillista e pessoa com deficiência visual. Possui pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e em Tecnologia, Formação de Professores e Sociedade pela Unifei (Universidade Federal de Itajubá).  Sua trajetória profissional inclui trabalhos com educação inclusiva, ensino do sistema Braille, da tecnologia assistiva, do soroban  e demais recursos para pessoas cegas ou com baixa visão, além de atuar desde 2006 com formação de professores.  Foi vencedora do IV Prêmio Sentidos, em 2011, e do IV Ações Inclusivas, em 2014, ambos pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPCD-SP). Também é palestrante e co-autora do livro Educação Digital: a tecnologia a favor da inclusão. Atualmente, integra a equipe técnica da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso de Caraguatatuba (SEPEDI), com ações voltadas para a comunicação inclusiva, políticas públicas para pessoas com deficiência visual e Núcleo de Apoio às Deficiências Sensoriais.


braillu@uol.com.br

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