Por Thiago José de Souza Oliveira
Ao toque do terceiro sinal, as atenções se voltam todas para uma mesma vertente. O palco se ilumina e a baixa voz vai tomando conta de toda a superficialidade de nossos ouvidos. Ao fim, em pé, aplaudimos até cansar. O ator auspicioso se curva rumo ao cubículo com quem desfia segredos.
Há milhares de descrições para o que chamamos prestígio. Talvez este seja um dos tesouros de maior agouro para qualquer artista e profissional. O reconhecimento. O ser destaque em meio à multidão. Mas, mesmo diante dos aplausos incansáveis de uma multidão repleta de energia, haverá sempre um pós-prestígio, uma fase não tão boa ou um momento intenso de sossego, calmaria, em que o som das mãos se agredindo umas às outras não farão qualquer sentido.
É óbvio que ser o alvo das atenções, estar no centro da discussão é reconhecidamente uma ferramenta de relevância, ainda mais em tempos tão ásperos quantos estes que vivenciamos. Mas algo que se deva perceber é que o sucesso um dia se esvai no ritmo idêntico ao que veio, se não mais rápido. Que bom seria se pudéssemos comprar meia dúzia de sucesso acompanhado de um quilo de prestígio, quem sabe a fórmula perfeita para qualquer profissional ou artista.
Fico a perguntar se tais fórmulas já não existem, pois com as enxurradas de meios sucessos espalhados a cada esquina sem qualquer valor, sem qualquer sentido… Quem sabe estejamos mesmo convivendo num entremeio de cansados e fracassados, abrindo espaço aos que não dávamos tanta atenção. Talvez essa seja a geração dos pós-prestígio, dos que nunca detiveram da incansável lembrança de alguém que se viu salvo por algum trabalho incrível escrito num escuro e esquecido quartinho aos fundos da velha casa.
Lá vamos nós novamente, aos aplausos enlouquecidos àquela personagem com quem nos identificamos, mesmo que seja pelo ínfimo milésimo de segundo ou pelo tempo do apertar o botão do controle remoto ao desbravar por mais outra dezena de meios sucessos perdidos num novo canal. Aplausos ao artista, aplausos ao cronista, aplausos. Somente aplausos. E que venham outros, pois minha ânsia se eleva ao som de cada tecla do computador ao ser pressionada.
Sobre o autor:
Thiago Oliveira é historiador, bacharelando em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Campus Lorena, roteirista, pesquisador e escritor, membro fundador da Academia Jovem de Letras de Lorena, ocupante da cadeira nº 13, a qual tem por patrono o médico Antônio Carlos Gama Rodrigues.