Certo dia, uma criança perguntou à sua mãe:
– Mãe, é Deus que nos dá o pão de cada dia?
– Sim, meu anjo – respondeu a mãe.
– E é o Papai Noel quem traz os presentes e brinquedos de Natal?
– É sim, meu anjo querido!
– E é a cegonha quem traz os bebês?
– Isso, meu filho, isso mesmo.
E a criança encerrou a conversa com a pergunta:
– Então, prá que serve o papai?
É provável que essa mãe tenha dado alguma explicação ao filho para que o pai serve. Na realidade, a figura do pai na vida de todo ser humano tem uma grande importância, já que ele, em especial (e também a mãe), é para a criança a primeira imagem de autoridade em sua vida. Quando a criança interioriza, em sua mente, essa imagem (e mais tarde as imposições sociais, culturais, morais e religiosas), estará formando uma espécie de consciência moral (chamada por Freud de Superego) que a faz ter um certo controle de suas ações.
Esse controle é importante para a sobrevivência da sociedade, pois leva cada pessoa a ter uma disciplina consciente para que possa conviver com as outras pessoas de modo sadio. Desse modo, é criado um ambiente adequado para um bom relacionamento entre todos, com participação ordeira e responsável, com paz, respeito, harmonia, de modo que cada indivíduo ou grupo possa obter os resultados que se propõe, seja na escola, na família, nas organizações e num sentido mais geral, na sociedade.
Ajudar a criança a formar essa consciência moral e a desenvolver esse controle consciente é uma das grandes tarefas do pai na formação do filho, em especial como ele aprende a controlar-se e a respeitar as regras e os limites normais que encontrará no convívio com as outras pessoas. O pai, com sua presença e ensinamentos com emoções positivas, ajuda o filho a aprender valores éticos de convivência com os outros agindo com responsabilidade, respeito, honestidade, lealdade, sinceridade, cooperação, solidariedade e reciprocidade, com atitudes educadas e disciplinadas, como por exemplo, ouvir quando os outros falam e esperar a sua vez para falar, usar as palavrinhas mágicas (Por favor, Desculpe, Obrigado), portar-se à mesa ou em público de modo correto, etc.
Esses e tantos outros ensinamentos que todo pai poderia dar ao filho lhe darão as bases para um sadio e feliz convívio com as outras pessoas, dentro e fora da família, formando um cidadão responsável e consciente. Essa tarefa do pai é também da mãe, de outros membros da família e, mais tarde, da escola. Se cada pai (e também a mãe e escola) agisse para que a criança chegasse a ter esses aprendizados, certamente a sociedade humana poderia ser melhor, permitindo que ela seja realmente chamada de “civilizada.
Em uma sociedade civilizada, constata-se que existe ordem e harmonia entre os seus diversos componentes, havendo respeito a regras e limites estabelecidos e objetivos a serem atingidos. A sociedade necessita que exista ordem para sobreviver, e a ordem é tão importante que está, inclusive, na bandeira brasileira: Ordem e Progresso.
Em uma sociedade onde há ordem, as pessoas convivem de modo sadio com outros seres humanos, porque cada pessoa que nela vive, aprendeu, internalizou e segue, com responsabilidade e respeito, as regras e limites de convivência. Quando todos agem de modo responsável e consciente, há boas condições de convivência coletiva, com tolerância e menos conflitos, cada um procurando agir ou reagir com equilíbrio para resolver as divergências que surgirem, sem violência. E nesse sentido, todos procuram agir visando o bem coletivo da sociedade, para que exista um melhor ambiente humano de relacionamento entre as pessoas, grupos, organizações, Estados ou nações.
Quando isso não acontece, constata-se que existe na sociedade uma crise de objetivos a serem atingidos, crise ética em especial, de respeito às regras e limites estabelecidos. A sociedade atual tem tido sérios problemas com seres humanos (indivíduos, grupos e instituições) que agem sem ética, com ganância, sem controle, com agressividade e violência, sem o mínimo de respeito aos outros seres humanos e até às suas vidas, sem respeito às regras do bom convívio humano que deveriam ser seguidas por todos, para que cada membro da sociedade pudesse exercer a sua liberdade, seus direitos e deveres de vida e agir como cidadão responsável e consciente. É preciso que ocorram muitas transformações na realidade para que se possa chamar a sociedade humana de civilizada!
Por isso, que tal aproveitar as comemorações do Dia dos Pais, para reavivar em sua mente aquela primeira imagem de autoridade que, como filho/a, teve no convívio com seu pai, reavivando junto a sua consciência moral individual e o controle consciente, com aqueles valores éticos e outros comportamentos aprendidos com o pai? Isso poderá ajudar no bom exercício da sua liberdade de expressão e de comportar-se como cidadão, contribuindo com um modo de agir mais saudável e responsável.
Esse resgate na mente de cada pessoa, na atual realidade da sociedade, parece ser uma condição essencial e indispensável para garantir, a cada pessoa, a sua própria liberdade, levando-a a utilizar adequadamente os seus direitos e respeitando também os direitos dos outros, a exercer conscientemente os seus deveres de cidadão, diminuindo muitas das dificuldades de relacionamento, como é o caso da violência, beneficiando a sociedade como um todo.
É preciso que você, eu e cada membro da sociedade, assumamos o papel de ‘agentes transformadores’ da realidade, fazendo bem a nossa parte, qualquer que seja a ação de mudança positiva. E se cada um de nós se juntar a outros que possuem a mesma vontade e ideal de transformar nosso mundo para melhor, logo poderá haver um novo amanhecer, radiante, para a sociedade humana.
Antonio de Andrade