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COLUNISTAS / O saber acontece

Educação e tecnologia digitais

14/08/2015

Em mais um fórum educacional promovido pela Unicamp, pude conhecer um pouco mais sobre as tecnologias digitais modernas aplicadas ao processo de ensino-aprendizagem. Penso comigo, como cientista, que, se educação é transformação, então é um processo químico.
São múltiplas as educações, sendo que a escolar é uma delas. Esse processo de formação é delegado pela sociedade às instâncias legalmente reconhecidas, mas é massivo, paradoxalmente desenvolvido no coletivo e cobrado individualmente. É uma estrutura fechada que se retro-alimenta, o que gera dificuldades. Uma delas é que os conteúdos são definidos, os tempos finitos, e reproduz a verticalização dos poderes. Outra barreira é a ausência de diálogo com a sociedade, sendo constante o conflito de interesses entre os alunos e a própria sociedade.
Foi discutido que parece que queremos competir com máquinas, quando devemos valorizar nossa capacidade de sermos criativos, intuitivos e sociais. E a proposta é que a integração almejada pode ser mediada pelas tecnologias digitais.
Se estou ensinando o que uma máquina pode fazer, o profissional que está sendo formado estará correndo o risco de perder o emprego. Temos de desenvolver atividades e capacidades que somente nós humanos conseguimos fazer, não as máquinas. As revoluções industriais e do trabalho já mostraram isso. Trata-se de uma revolução por meio do algoritmo: os usuários se tornam co-desenvolvedores. Assim, no futuro teremos cursos on-line ministrados em sala de aula, dentro do próprio ambiente escolar. O espaço da sala de aula é para ser usado.
Falta ainda investimento na fluência tecnológica dos professores e alunos para saber usar o que já está disponível. Quando fui aluno, o professor ensinava como consultar um dicionário. Mas, lembro também do colega da EEL que colocava acento em todas as palavras “por”, mesmo quando não era verbo, porque era a primeira sugestão que o auto-corretor do Word fazia, sem ponderar que a máquina possui limitações.
Foram apresentados exemplos de sucesso, iniciando com a fotografia como expressão comunicativa na educação, a partir de um estudo da imagem da professora, que se vê como responsável pelo fazer dos projetos, abnegada nessa ação, mas feliz. Chamou a atenção outro projeto que soma arte e cultura, estimulando que alunos façam vídeos sobre suas realidades. Já o exemplo do professor de matemática usou o trabalho com revista Carta na Escola sobre as finanças da Petrobras que quase não pôde ser concluído porque a escola deixou de assinar o periódico; por sorte, um dos professores possuía as revistas e pôde continuar o trabalho com os alunos. Daí resultou uma música-paródia ensinando função quadrática e a forma de resolver a equação do segundo grau. Também experiências com comunicação comunitária e a interação da Ufscar com a comunidade de São Carlos foram apresentadas. Pude mostrar que há um aspecto importante do papel da universidade e das experiências de professores a elas associados com a nota do ENEM de escolas públicas. A avaliação é que para concretizar isso, bastaria que os Parâmetros Curriculares Nacionais fossem aplicados, pois essa interação está lá prevista como política pública.
Ouço e compreendo que a idealidade parece se aproximar da realidade. E continuarei o assunto semana que vem.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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