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COLUNISTAS / O saber acontece

Negligenciadas: doenças e educação

24/08/2015

Como continuação da coluna anterior, complemento o que foi visto naquele fórum e faço um diálogo com outro evento desse tipo que tratou de doenças negligenciadas.
Na discussão sobre educação, educomunicação foi a palavra de ordem, para deleite de meus colegas da Academia de Letras de Lorena. Uma questão polêmica foi avaliar até que ponto a informação é democrática e qual é a censura intrínseca nos processos educacionais. A pesquisadora Graça Caldas ressaltou a natureza da leitura contextualizada do mundo, discorrendo sobre a notícia como fábula. A isenção não existe e é importante a diferenciação entre jornalismo e propaganda, cujas fronteiras estão muito próximas.
Assim, a informação é importante, o acesso a ela é fundamental, mas é imprescindível fazer filtros. Foi lembrada a questão da ferramenta de busca Altavista, que tinha como proposta não ter caráter econômico como o Google possui hoje. Os palestrantes disseram que é perigosa até a forma como o Google é usado. Foi apresentado um desafio para que a universidade faça um site ou sistema de busca que bata o Google!
Desta parte, ainda dentro dos exemplos práticos de aplicação, Ariane Porto juntou arte e cultura no projeto bem-te-vi e está produzindo um reality show com a proposta dos participantes morarem na rua: “Rua – jogo da sobrevivência”. Outra proposta é a vida cultural em aldeia indígena, cuja cultura ainda é um mistério para nós que vivemos uma cultura marcadamente europeia.
Não citei nomes de muitos palestrantes, mas o sumário pode ser visto no site. javascript:nicTemp();  Assim, menções a projetos da SBPC e da pesquisadora Gabriela Rigotti foram omitidas.
Fazendo então o contraponto com as doenças negligenciadas, é alarmante que esquistossomose e doença de Chagas ainda não tenham os devidos investimentos em pesquisa para se chegar a tratamentos mais adequados, aumento da sobrevida dos pacientes ou mesmo a cura. Isso porque os detentores do poder econômico raramente são acometidos desses males. Daí o rótulo de negligenciada, feito a educação.
Apenas a malária avançou relativamente bem e passa a perder essa condição, com o desenvolvimento de vacinas se aproximando. Interessante foi ouvir pesquisadores da área química defendendo a busca por moléculas e derivados que serão usados nos tratamentos. Mesmo assim, detalhes não podem ser apresentados, como a forma de ação, solubilidade, natureza química, pois são pesquisas que envolvem patentes. E, ainda, o dinheiro é uma mola que faz muita coisa andar.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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