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COLUNISTAS / O saber acontece

Tá quente, tá frio

28/08/2015

O inverno definitivamente vai se acabando, mesmo antes do anúncio da primavera. Sucessão de períodos muito quentes e secos, com alguma chuva esperançosa por esses dias, mas não suficiente para aplacar o pó. A crise hídrica fez muitas vítimas – apenas a política se safou e realizou proezas alucinantes em nosso estado. Incêndios e queimadas acidentais ou criminosas se espalham por todas as regiões. É nossa incapacidade de lidar com o macro, desconhecendo o micro.
As mudanças climáticas são cada vez mais assunto de discussão em esferas de decisão econômica e da geopolítica mundial, pululam editoriais e muitas páginas de jornais e internet, mas ainda há os incrédulos que apostam em soluções ou conceitos místicos. Na educação não é diferente, com muita dificuldade de levar às crianças e jovens as questões ambientais envolvidas no nosso cotidiano. Como convencê-los da importância de andar sempre com uma sacolinha para transportar coisas, da mesma forma que os deselegantes celulares ficam à mostra em bolsos descaídos de calças e blusas? Quiçá criássemos a noção de “ostentação” para portar sacolas de pano!
O mundo discute fontes alternativas de usar energia em motores sem causar grandes danos ao ambiente, combustíveis de fontes renováveis aí incluídos. O Brasil é líder no setor com seu etanol e energia hidrelétrica, mas não consegue fazer boa propaganda disso. Nem aqui dentro, pois insistimos em chamar de gasolina o que é vendido no posto de combustível, que é, na verdade, de etanol 25%. Por outro lado, afirmamos que os ônibus são movidos a biodiesel, quando é diesel de petróleo que contém apenas 5% desse biocombustível.
O pôr-do-sol que vejo da janela é lindo. O colorido degradê, no entanto, esconde o real motivo do belo espalhamento da luz: as partículas de poluição dispersas no ar. Da mesma forma que as floradas antecipadas de ipês e manacás são uma resposta ao estresse hídrico, aquele que o governante muito bem escondeu e que incansáveis ambientalistas procuram expor em artigos e cartas nos jornais.

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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