• SANTA CASA SECUNDARIO

FOTOS
VÍDEOS
COLUNISTAS / Falando sério

Polícia de covardes – Será isso que a sociedade espera???

24/09/2015

Estamos transformando a polícia em uma instituição de covardes. Hoje, poucos policiais têm o ímpeto de agir imediatamente diante de uma injustiça ou de uma situação delituosa. Poucos têm a vontade de investigar e se expor às ruas e a seus conflitos, poucos têm a inconsequência de ir, quando a prudência normal e comum recomendam não ir.

A polícia não é uma profissão de certezas, de escolhas fáceis e certas, de ausência de riscos, de legalidades simples dos bancos acadêmicos. Polícia é risco e incerteza 24 horas do dia. Não existe a possibilidade de esperar um criminoso sacar a arma e apontá-la para você antes de você decidir atirar. Não se pode pedir sempre um mandado de busca para entrar em uma casa. Não existe sempre situações claras de risco e de flagrante delito que lhe permitam saber 100% do sucesso de suas escolhas e suas ações. Nas ruas é sacar a arma antes e atirar, entrar sem pensar para surpreender e não ser surpreendido. A polícia não é uma profissão de certezas e legalismo acadêmico. Não podemos transformar nossos policiais em pessoas acuadas e com medo de agir, com medo de responder por crimes, por abusos, por excessos.

Claro que não se pode permitir tudo, autorizar desmandos, torturas, abusos de autoridade. Mas não se pode exigir certezas e antecipações que os imprevistos das ruas não permitem. Não podemos colocar nossos policiais em uma situação de desconfiança prévia em relação aos seus atos que os imobilizem, não podemos exigir garantias que não podemos dar aos nossos policiais. Prejulgando ações policiais como de má-fé, transformamos nossos protetores em covardes que têm medo da decisão, que preferem não sair às ruas para investigar e prender. Hoje na polícia é mais cômodo não fazer nada, pois aí você evita os riscos das decisões incertas e os procedimentos que delas advém. Ocorre que isso é o fim da polícia, de nossos cães pastores, de nossos protetores.

Desgastes, equívocos e erros sempre existirão na atividade policial; mas nenhum erro será maior para a sociedade do que transformar a polícia em um lugar de covardes burocratas, que se escondem atrás de procedimentos e regras acabadas que não resolvem o imediatismo do pavor de um crime acontecendo.

Precisamos de policiais um pouco inconsequentes – pois ninguém em um raciocínio lógico e normal vai enfrentar criminosos que não tem nada a perder ou a ganhar – que não tenham medo da morte, que anseiem pelo confronto, que tenham coragem de ir quando a prudência mandar não ir. Não existe o discurso do herói, do fazer o bem para a sociedade, do transformar o mundo em lugar melhor quando apontam uma arma para você. Ninguém vai pra rua quando o confronto é iminente e a derrota certa, seja morrendo ou voltando vivo para casa. Logo nossa polícia será formada apenas por covardes. Logo o caos habitará entre nós.

Autor: Rafael Vianna  

Rafael Vianna é pesquisador/investigador do Centro de Investigação de Direito Penal e Ciências Criminais da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa-CIDPCC (http://www.idpcc.pt/centro-de-investigacao/investigadores-do-centro/Mestre-Rafael-Ferreira-Vianna/308/), colaborador científico do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos-NEIP (http://www.neip.info/index.php/content/view/2469.html), doutorando em Ciências Jurídico-Criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Portugal (2013/2017) e Mestre em Direito e pós-graduado pela mesma instituição (2010 e 2007). Especialista em Direito Aplicado pela EMAP(2006). Graduado em Direito pela UFPR (2005). Prêmio Literário Nacional 2013 (Associação Nacional de Escritores); Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável 2012 (ISAE/FGV, Sebrae e GRPCOM); Prêmio Personalidades Empreendedoras do Paraná 2012 e 2011, (ALEP Paraná); Prêmio de Mérito pelo 1º Lugar do Curso de Formação de Delegado de Polícia 2008-2009 (ESPC-PR); Prêmio Professor Teixeira de Freitas, pelo 1º lugar no Curso de Direito (UFPR, 2006); Prêmio Professor Laertez Munhoz, pelo 1º lugar em Direito Penal  (UFPR, 2006); Prêmio Mostra Talentos, Área Jurídica (TJ-PR, 2005); Prêmio Aluno Destaque do Colégio Marista Santa Maria (2000). É Acadêmico Efetivo da Academia de Cultura de Curitiba-ACCUR. Já publicou quatro livros e diversos artigos científicos. Atualmente é Assessor de Assuntos Estratégicos da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP) e da Casa Civil da Governadoria do Estado do Paraná. É Delegado de Polícia Civil do Paraná. Foi Assessor Civil da SESP, Secretário Executivo do FUNESP e colunista do Jornal Correio Paranaense, do Jornal do Ônibus, do Jornal de Colombo e da Revista Destaque do Rio Grande do Sul.

Fonte: http://delegadorafaelvianna.blogspot.com.br/2013/09/policia-de-covardes.html

COLUNISTAS / João Barbosa

Lorenense, formado em Engenharia Química em 1995, pela então Faenquil, hoje EEL-USP (Escola de Engenharia de Lorena, da Universidade de São Paulo), é casado com Joice e possui dois filhos, João Vítor e Gabriel. Desde sua formação, atuou em grandes empresas do ramo alimentício; dentre elas, a Pullman Alimentos (Pão Pullman, como é conhecida), hoje Bimbo do Brasil.

Há alguns anos, buscou a realização de um sonho antigo e transformou-se em Investigador de Polícia da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Atualmente, atua na Divisão de Homicídios do  DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da cidade de São Paulo-SP.

E como aceitar desafios e ajudar ao próximo é sempre seu objetivo, com ele estaremos “Falando sério”.

“O sucesso nasce do querer. Sempre que o homem aplicar a determinação e a persistência para um objetivo, ele vencerá os obstáculos, e se não atingir o alvo, pelo menos se orgulhará de ter tentado”. (José de Alencar)


barbosajjs@globo.com

MAIS LIDAS