Talvez seja o trânsito um excelente laboratório para se avaliar o nível de educação e convivência social harmônica de uma população. Deixo, como sempre, aos meus colegas especialistas da área a palavra final, mas dou-me o direito de algumas hipóteses e especulações.
Quando obtive minha habilitação como condutor, algumas décadas atrás, havia uma sensação de pânico generalizado para se realizar a temível prova escrita. Senti-me realmente mal, mas pelo baixíssimo nível de conhecimento de escrita exigido. E aquilo já foi motivo de constrangimento para muitos. Assim, como esperar que esse motorista vá ler o Código Nacional de Trânsito e regulamentações congêneres para saber como conduzir seu veículo nas vias públicas, em convivência com outros da mesma sorte e – o mais importante – com os pedestres? Pode-se dizer que ele não teve educação? Sim teve. Não teve aprendizagem.
Uma dessas questões é o uso da buzina, que substitui muitas vezes a campainha ou serve de gesto de aceno e cumprimento. Mas o mais curioso é seu uso em cruzamentos não sinalizados, quando o motorista passa em razoável velocidade, buzinando e restando a dúvida se ele pararia quando ouvisse o mesmo sinal sonoro de outro veículo. Creio que não. A preferência, nesses casos, não é de quem buzina e sim de quem vem pela direita.
Andar em curva com o carro, mesmo em avenidas com várias faixas, é outra tarefa quase impossível. A tendência é manter o veículo em linha reta, ignorando o movimento a ser feito com o volante.
Mesmo assim, há curiosidades. Milton Jung, um famoso radialista da CBN, cujo jornal procuro ouvir todas as manhãs, certa vez, ao discutir a reivindicação dos motociclistas para trafegar pelo inexistente corredor entre duas fileiras de carros, afirmou que esse código de trânsito estabelecia a necessidade de se ligar a seta (pisca-pisca) e esperar que a luz indicadora piscasse seis vezes antes de mudar de faixa. Tal número ou prática não consta da lei e nem das versões anteriores dela, pelo que constatei. Fruto de sua imaginação ou do senso comum.
Em tempo: sou um mau motorista e não gosto de dirigir. Tenho e uso carro por pura necessidade – criada, talvez pela conveniência e conivência – e nunca pensei esse veículo como um objeto de investimento, de poder, de posse ou de qualquer tipo de satisfação.
Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.
Março vai por seu termo levando e lavando angústias. Assassinados a vereadora e seu motorista, mortos a esperança e o orgulho, presentes o ódio e a repressão. O juízo de […]
Tudo o que um cientista reflete é ciência? Não, inicialmente é conhecimento, um saber próprio, limitado a seus interesses, dúvidas, percepções e angústias. Para ser ciência, esse conhecimento próprio gerado […]
Foi o acontecimento tecnológico e astronáutico do mês. A SpaceX lançou o foguete Falcon Heavy ao espaço, carregando um carro, um Tesla Roadster. A empresa vem revolucionando a área com […]
Já escrevi que é muito fácil denunciar o erro alheio. Na redação de ideias, pensamentos, teses e conceitos, a palavra escrita passa a ter valor muito forte e, por isso, […]
Descer a serra para se banhar no mar ajuda a aplacar o furacão cerebral. Ainda que três dias sejam insuficientes para fazer descansar, foram fundamentais. Alguma leitura deve acontecer, pois […]
E eis que 2018 começou e já vou traçando meus planos para 2020, pois é lá que realmente algo acontecerá. Pretendo que seja também o recomeço da coluna neste O […]
Dois meses de profícuos feriados, que resultam em reflexões. Porém, não permitiram a atualização deste importante espaço em O Lorenense. Que o primeiro resultado da discussão sobre o uso da […]