Por Jéssica Carvalho
Era uma vez um barquinho…
Um barco cheio de sonhos, firme e ousado.
Um barquinho sabedor das inúmeras dificuldades que o rodeava, mas que muito se esforçava para realizar tudo o que aspirava. Sonhando, encontrava toda força necessária para seguir.
Esse barquinho sabia que, para substancializar seus sonhos, precisava navegar em águas mais profundas, inclusive contra a maré.
E então, em um dia, como em um súbito, percebeu que navegava em mares desconhecidos.
O barquinho começava a concretizar os seus sonhos. Conseguia vislumbrar o que até então estava apenas no seu íntimo.
Nesse momento, outros barquinhos pararam para vislumbrá-lo. Tinham certeza de que ele voltaria em pouco tempo; acreditavam no seu rápido esgotamento e que se renderia à saudade.
Mas outros, tantos outros, o ajudaram e, muitas vezes, acreditaram nele mais do que ele próprio, e isso o fortalecia.
O barquinho partiu, mas sempre retornava para rever os outros barquinhos.
Ao longo da construção dos sonhos, o barquinho conheceu outros barquinhos que sonhavam igual a ele, e passaram a compartilhar as vitórias e as lutas de cada escolha.
O barquinho lutou muito pela realização dos sonhos, passou por grandes tempestades e seu casco acabou ficando mais resistente e preparado para as altas correntezas.
O barquinho sabia, mais que tudo, que um capitão, senhor dos mares, o guiava e o fortalecia. Tinha nele o seu porto seguro.
Nessa travessia, o barquinho foi criando sonhos além daqueles que o fizeram sair do seu conforto. Muitos foram se realizando.
O barquinho navegou tanto que não conseguia mais avistar o ponto de onde saíra, mas sabia retornar. Sabia que suas raízes eram o maior aconchego que poderia ter.
O barquinho estava convicto de que não dava mais para voltar.
Nesse momento, o barquinho está em meio a águas profundas, ao lado de barcos grandiosos.
Sabe que há ainda muito para navegar, mas que pode ir muito além de onde já chegou.
O barquinho sabe que as realizações podem advir não apenas das águas calmas, límpidas, mas também dos momentos de desesperos, que devem ser vistos como possibilidade de crescimento.
Esse barquinho pode ser um pouquinho de cada um de nós.
Às vezes, nos sentimos tão fracos e pequenos que paramos para apreciar a vida sem qualquer perspectiva de crescimento. Em outros momentos nos vemos com tantos sonhos, mas nos sentimos incapazes de dar azo a eles.
Há circunstâncias que, mesmo dando passos na construção dos sonhos, nos sentimos fracos ao longo do caminho, e se algo não acontece da forma como desejávamos, sentimo-nos fracassados e sem razões aparentes para seguir.
O certo é que nem sempre o mar estará calmo, as águas não estarão eternamente tranquilas, as tempestades e os ventos fortes virão… A vida é assim… Mas o que importa é a oportunidade de sonhar e de realizar os desejos do coração.
É certo que sempre haverá uma plateia cuidando de cada barquinho que dispõe a lançar-se em águas mais profundas.
E acima de tudo, há um capitão que independentemente de qualquer situação, rege toda travessia. Abençoa os planos, possibilita ou não a realização, em prol de algo maior, e ama. Há um capitão que ama incondicionalmente cada barquinho sonhador.
Sobre a autora:
Jéssica Carvalho é bacharela em direito, aprovada no Exame de Ordem dos Advogados do Brasil, cheia de sonhos e que se aventura pelo mundo sublime das palavras. “Aquilo que está na mente e no coração torna-se eterno quando é cuidadosamente exposto em uma folha de papel”. jessyca-carvalho@hotmail.com
Espaço reservado às produções dos acadêmicos da Academia Jovem de Letras de Lorena. Membros da AJLL: Beatriz Neves, Camila Loricchio, Danilo Passos, Gabriela Costa, Gustavo Alves, Gustavo Diaz, Heron Santiago, Isnaldi Souza, Jéssica Carvalho, João Palhuca, Julia Pinheiro, Lelienne Ferreira, Lucca Ferri, Samira Tito, Thiago Oliveira, Vânia Alves e Wagner Ribeiro.
Por Gustavo Rodrigues Alves Suspiro lentamente como o mar Crio minhas ondas Acalmo minha alma; Ouço o bater do meu coração Vejo ao horizonte do meu infinito ser, uma luz […]
O homem como um coletivo Por Wagner Ribeiro A parte mais bonita de começar um novo ano é o começar de novo. É o renovar-se, buscar novos métodos, realizar desafios, […]
Por Heron de Freitas Santiago Uma casa, outra casa, carros, cachorros, uma senhora vagarosa na direção contrária, música cantarolada, outra música, um bocejo distraído, pensamento vago, mais casas, mais carros, […]
Por Isnaldi Rodrigues de Souza Filho O menino acordou durante a madrugada de véspera de Natal, levantou-se da cama e calçou as meias, para que elas diminuíssem os ruídos dos […]
Por Vânia Alves Ao participar da cobertura da II Jornada Literária do Vale Histórico, realizada entre 30 de setembro e 3 de outubro de 2014, nas cidades de Lorena e […]
Por Lucca Ferri N. A. Latrofe Acontece que, desde ontem, sinto-me inundado por qualquer coisa que não é o que a vida precisa. Amei louca e incontrolavelmente, mergulhei mesmo que […]
Por Jéssica Terezinha do Carmo Carvalho Não precisei de muito para retirar daquele momento o que mais de belo ele poderia conceder … Era uma cena muito simples, rotineira talvez. […]