Foi em 1918. Nesse ano, o primeiro de uma família mineira que veio a Lorena fundar a pecuária leiteira foi o seu Nhonhô, filho mais velho dos Vilela Nunes.
Ele comprou e assumiu as dívidas da conhecida Fazenda das Palmeiras, no Município de Lorena, de um alemão chamado Müller, que deu-se mal nos negócios – um barco que ele enviou para a Alemanha, com carne do matadouro que tinha por aqui, naufragou no mar com toda a sua carga.
Pouco tempo depois, talvez lá pelo ano de 1920, seu Nhonhô foi ao Rio de Janeiro saldar uma última dívida junto ao primitivo proprietário da terra, dr. Arnolfo Azevedo. Este recebeu das mãos de um dos filhos do fazendeiro mineiro, um rapazinho chamado Cornélio, a quitação da derradeira importância a ser paga.
Dessa fazenda, adquirida pelo seu Nhonhô, vinha quase toda a lenha que abastecia os fogões das residências de Lorena. A madeira era trazida por 10 carros em toras de 3 metros de comprimento, somando unitariamente 3 metros cúbicos, cada um deles puxado por 10 bois, alinhados em cinco juntas, perfazendo assim 100 animais.
Sobre os pescoços dos bois eram colocadas as cangas, peças onde se prendiam os cabeçalhos, as longas traves que ligavam os animais ao corpo do carro. As demais peças de um carro de boi eram, entre outras, o canzil, peça em forma de estaca trabalhada que atravessava a canga de cima para baixo em quatro pontos, de modo que o pescoço de cada boi ficasse entre duas dessas estacas; a mesa, superfície onde se colocava a carga; a arreia, suportes que atravessavam transversalmente o cabeçalho, sobre os quais se apoiavam as tábuas da mesa; a cheda, prancha lateral do leito do carro de bois na qual se metiam os fueiros; o fueiro, cada uma das estacas de madeira que serviam para prender a carga aos carros.
A maior parte da lenha da Fazenda das Palmeiras era vendida e distribuída pelos lares lorenenses; o que sobrava, era deixado nas olarias da cidade, a um preço bem mais baixo.
Não era um percurso muito longo, mas a manutenção dos carros de bois dava algum trabalho ao proprietário da fazenda. O que mais se gastava com esse meio de transporte era, na verdade, o sabão colocado nos eixos dos carros, pois se isso não fosse feito eles começavam a cantar alto.
E havia uma legislação municipal multando os carros cantantes, pois a sua gritaria tirava o sossego dos pacatos moradores da cidade…
Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.
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