Nos tempos atuais, está acontecendo um fenômeno e todo mundo já teve uma experiência ou até mesmo foi vítima dele. É o excesso de desatenção das pessoas umas com as outras e com seus afazeres domésticos ou suas atividades profissionais. Cada vez mais as pessoas se comunicam sem se ouvirem e sem ouvir o que as outras estão dizendo.
Vivi recentes experiências que, dependendo do seu estado de humor, podem ser chatas ou engraçadas. Você certamente já viveu experiências idênticas ou parecidas com as que irei narrar aqui.
Em uma lanchonete, eu pergunto quais os sabores de sucos disponíveis e a atendente responde: “Laranja, abacaxi com hortelã, limão, morango”. Então eu peço: “Quero um de abacaxi com hortelã”. Um minuto depois, ela pergunta: “De laranja, não é?”. E quando respondo e ela vê que errou feio, ela faz uma expressão de vergonha, como se estivesse reprovando a própria atitude.
Em um posto de gasolina, loja ou qualquer outro estabelecimento comercial, na hora de efetuar o pagamento, vem a pergunta: “É débito ou crédito?”. E respondo: “É débito”. E lá vem a repergunta: “Crédito, né?”. E mais uma vez respondo: “Não, é débito”.
Em um restaurante, peço um prato para o garçom e, diante da demora, o questionamos se o prato já está vindo. E então ele responde: “Ih, esqueci de pedir!”.
Em outro restaurante, peço uma massa integral fit e volta o garçom com hambúrguer e batatas fritas.
Sim, juro que isso tudo me aconteceu, não são histórias fictícias!
Em uma reunião entre amigos ou familiares, acontece exatamente o mesmo.
Onde está o foco das pessoas, que vivem imersas em conversas em redes sociais e WhatsApp e não conseguem mais interagir pessoalmente? Daqui a pouco, sentaremos à mesa e enviaremos o pedido ao garçom via WhatsApp ou inbox no Facebook. Será que assim a comunicação fluirá?
É, está estafante e estranho manter relações nos dias de hoje, onde o virtual ganhou muito mais importância que o real. E você se ainda não se contaminou com tudo isso, previna-se. Não entre nesse mundo, pois uma vez contaminado, a cura é quase impossível. Atenta-se cada vez mais à vida um do outro e cada vez menos ao que realmente importa.
Aline de Castro Machado é advogada há 18 anos, mãe de Bruno Machado, jornalista, e além de profissional, uma mulher em busca constante de novos desafios. Sente necessidade de refletir para tentar se autoconhecer e ao menos tentar conhecer melhor esse ser tão complexo que é o ser humano.
Apaixonada por um texto de Aina Cruz, intitulado “Teoria das pessoas complexas”, cujos trechos preferidos são: “É um tipo de gente que não sabe comer a vida pelas bordas e já enfia a colher, com tudo, no meio da sopa. Arriscam queimar a língua, porque sabem que se queimar passa… Mas para uma pessoa complexa, é a morte levar a vida a acomodar-se. Fazer as coisas porque vai ser mais confortável ou socialmente aprovado. Não se trata de rebeldia, nem de originalidade. É apenas que um coração complexo pulsa em arritmia, tem um compasso diferente… Essa gente complexa detesta assuntos burocráticos, relações burocráticas, protocolos, regras sociais… Assim, vivem cada dia como se fosse o único, como se fosse o último… Gente complexa tem alma de poeta mesmo quando nunca escreveu sequer um verso”.
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