Adilson Roberto Gonçalves
O Aedes aegypti continua a zombar de nós, apesar de não zumbir muito. Ou ser muito sutil em sua aproximação à nossa pele e, quando o sentimos, a picada já foi realizada e o sangue devidamente sugado. Restam a coceira e a possibilidade de ele nos ter transmitido um dos três vírus – o da dengue, o da febre chikungunya e o da zika.
As revistas semanais estamparam em suas capas, em diferentes cores e ênfases, a questão do mosquito e das doenças por ele transmitidas. Creio que mais em função dos órgãos internacionais de saúde terem publicado alertas sobre o vírus zika e da proximidade das Olimpíadas no Rio de Janeiro. E também porque o Brasil foi convidado a integrar força tarefa mundial para o desenvolvimento de vacina contra esse vírus que, dentre outras coisas, tem sido uma causa comprovada da incidência de microcefalia em fetos.
Vírus combatemos com vacinas e bactérias com anti-bióticos. Tanto uma como outra forma pode levar a desenvolvimento de resistência por parte dos vetores de doenças e os infectologistas fazem estudos e ações mundiais para controlar o uso indiscriminado dessas ferramentas de combate ou imunização. O Governo de São Paulo fez recentemente forte propaganda pelo desenvolvimento de vacina contra a dengue, sendo que a prioridade deveria ser o combate ao mosquito.
Dengue é uma doença cruel, mas não com altos índice de mortalidade que justificassem uma imunização em massa. Porém, fazer a prevenção demanda envolvimento da população, aceitação de que vivemos em comunidade e o que cada um faz com seu território de habitação influi no bem-estar do vizinho. É muito difícil em tempos cada vez mais individualistas e egoístas. Mais fácil é ir ao posto de saúde tomar uma vacina, sem me preocupar se os demais moradores também o fazem e sem ser incomodado por um agente de saúde – um funcionário público – que quer invadir meu espaço e saber de minha individualidade ou como limpo minha casa. Isso é problema meu! (ironia minha, para deixar bem claro).
Ou seja, parece não ser apenas o mosquito ávido por ácidos carboxílicos e ácidos úricos que exalamos que está zombando de nossa sociedade.
Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.
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