Um dos assuntos muito discutido e criticado em nosso meio é, sem dúvida, a literatura de autoajuda. Muitos incrédulos chegam mesmo a intitular o escritor de oportunista, que se aproveita da ingenuidade alheia, o que leva a concluir que esses escritores não são pessoas sérias. Mas, em defesa, podemos afirmar que autores considerados sérios, sem nenhuma sombra de dúvida, escreveram livros de autoajuda. “Entre eles, o filósofo e matemático inglês Bertand Russell, autor de A Conquista da Felicidade, e o psicólogo americano Albert Ellis, que criou a TCER – Terapia do Comportamento Emotivo Racional, e escreveu vários livros, entre eles, Como Conquistar sua Própria Felicidade. Ellis não tinha nenhuma vergonha de dizer que escrevia livros de autoajuda, relatando casos de pessoas que leram seus livros e que tiveram melhoras consideráveis face às adversidades da vida” (J.Augusto Wanderley).
Senti necessidade de escrever meu primeiro livro de autoajuda, considerado por muitos, um campo à margem da esfera cultural, após passar pela dolorosa experiência de uma depressão, que me levou ao labirinto mais profundo de dor e sofrimento. Minha cura passou por todo um processo com um psiquiatra competente, que me orientou, me medicou e me mostrou o outro lado da vida, até então por mim desconhecido. Esses conhecimentos fizeram com que eu mudasse de atitude e a essa mudança atribuo a minha cura completa e meu crescimento espiritual.
No livro “Depressão, não deixe que esse mal atinja você”, coloquei toda minha trajetória, desde os sintomas até a cura. Esse livro promove a cura da depressão? Não posso afirmar isso, mas que a pessoa que fizer essa leitura com interesse, pode melhorar seu estado letárgico, ser incentivada a procurar a cura, a ser uma pessoa melhor, isso eu já constatei com muitos depoimentos que me deixaram feliz e realizada.
Em uma depressão ou síndrome do pânico, o medicamento é essencial para sanar os primeiros sintomas da doença, mas a cura mesmo se faz com a mudança de comportamento, com a busca de realizações e com o afinco de esforçar-se para conseguir isso. É aí que entra a literatura de autoajuda, pois o fato é que não existe ninguém que tenha chegado ao sucesso, ou que tenha superado as adversidades da vida, que não tenha tido algum tipo de ajuda de outros. Porém, são poucas as pessoas dispostas a ajudar.
Com o livro é diferente; o leitor, sentado confortavelmente em seu quarto, relaxado, poderá entregar-se a uma leitura na qual se identificará em muitos momentos e isso funcionará como um incentivo, pois ele concluirá: “se alguém conseguiu se recuperar tornando-se até mesmo uma pessoa melhor, por que o mesmo não poderá acontecer comigo?”
Todo tipo de literatura nos faz crescer, quer pelo rico vocabulário que irá ampliar o nosso, quer pela emoção de uma linda história que chega a arrancar lágrimas e suspiros e até mesmo para nos tornar críticos, levando-nos a avaliar qual tipo de literatura não nos agrada e aquela que passaremos a indicar para outras pessoas.
Então, concluindo, pedimos aos incrédulos, céticos, cínicos e aos raivosos que sejam mais ponderados na crítica, pois o livro de autoajuda é, sem dúvida, um mecanismo eficiente, do qual lançamos mão numa hora de necessidade e desespero. Nós, escritores dessa literatura, não pretendemos endeusarmo-nos, sentirmo-nos donos da verdade, com poderes especiais, pois isso realmente é mito, mas esses críticos hão de convir que, diante de um quadro de grande dor e desespero, familiares e amigos lançam mão de tudo na tentativa de amenizar esse tormento. Diante de um poema, a princípio com versos tão sentidos, que culmina com vitória, cura, felicidade, por que repudiar essa literatura? Afinal, mal não irá causar; pelo contrário, só irá ajudar.
“De repente, deixei de sonhar, deixei de amar
Passei a sofrer… Deixei de viver
Deixei de sentir o aroma das flores
Já não ouvia o sussurro da fonte
Surda fiquei ao gorjeio dos pássaros
Que ao entardecer cruzavam o horizonte! ” (TOLEDO, Zilda, 2007, p.13)
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“Voltei a sonhar
Voltei a amar
Deixei de sofrer
Voltei a viver! “ (Toledo, Zilda, 2007, p.14)
Zilda Costa – quatro livros de autoajuda publicados – ocupa a cadeira n° 53 na Academia de Luminescência Brasileira (Alubra) e a cadeira n° 24 na Academia Lorenense de Letras e Artes (Allarte)
A Allarte (Academia Lorenense de Letras e Artes), fundada no dia 24 de setembro de 2014, tem como objetivos: acolher em seu seio valores literários e artísticos, resgatar a história de nossa cidade, apoiar e desenvolver o culto das letras, das artes e do intelecto, valorizar escritores e artistas locais exaltando pessoas e datas significativas, promover a defesa da língua, dos valores morais e éticos que fundamentam a civilização ocidental e a formação brasileira.