Não conhecemos a fundo ninguém. Aliás, não conhecemos a fundo nem a nós mesmos.
A todo o tempo, no convívio com as pessoas, se descobre algum traço de personalidade antes oculto, algum comportamento novo e que nos surpreende, negativa ou positivamente.
Diante disso, temos a oportunidade de filtrar, selecionar e optar por partir ou ficar.
Muitas vezes, partimos dos amigos que não demonstram ter o mesmo perfil da gente. Muitas vezes, partimos de nossos companheiros por perceber que não são o que gostaríamos que fossem ou idealizamos. Muitas vezes, partimos de nossa profissão por estar sendo improdutiva. E muitas vezes partimos de nós mesmos; afinal, creio que estamos sempre nos modificando por conta de fatores externos, por conta do ambiente em que estamos vivendo e até por conta das pessoas que estão ao nosso redor.
As circunstâncias da vida nos modificam. Ora somos obrigados a ficarmos mais enrijecidos, ora mais flexíveis, e a gente acaba percebendo que não tem o controle de nada que irá nos acontecer, que irá nos moldar, e acabamos nos surpreendendo mesmo a todo o tempo. Não temos controle sobre ninguém e às vezes nem sobre nós mesmos, e se aprende que na vida, não há previsão, não há precisão. Porque no final das contas, não somos matemática, onde os resultados se fecham milimetricamente e perfeitamente, mas sim somos humanos, onde 2 e 2 nunca serão 4, onde a lógica nunca será lógica e se chega à conclusão de que as pessoas nos surpreendem a todo o tempo e nós também acabamos nos surpreendendo a todo o tempo, pois somos emoção, vísceras, sentimentos, latência e mudanças.
Um ambiente mutável não nos faz estáticos. Mudar é preciso, sempre! Portanto, pense, sinta, vivencie, avalie, pese, observe, analise e mude. E se possível, mude para melhor, não necessariamente melhor para os outros, mas melhor para si mesmo.
Aline de Castro Machado é advogada há 18 anos, mãe de Bruno Machado, jornalista, e além de profissional, uma mulher em busca constante de novos desafios. Sente necessidade de refletir para tentar se autoconhecer e ao menos tentar conhecer melhor esse ser tão complexo que é o ser humano.
Apaixonada por um texto de Aina Cruz, intitulado “Teoria das pessoas complexas”, cujos trechos preferidos são: “É um tipo de gente que não sabe comer a vida pelas bordas e já enfia a colher, com tudo, no meio da sopa. Arriscam queimar a língua, porque sabem que se queimar passa… Mas para uma pessoa complexa, é a morte levar a vida a acomodar-se. Fazer as coisas porque vai ser mais confortável ou socialmente aprovado. Não se trata de rebeldia, nem de originalidade. É apenas que um coração complexo pulsa em arritmia, tem um compasso diferente… Essa gente complexa detesta assuntos burocráticos, relações burocráticas, protocolos, regras sociais… Assim, vivem cada dia como se fosse o único, como se fosse o último… Gente complexa tem alma de poeta mesmo quando nunca escreveu sequer um verso”.
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