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Lobato e o Modernismo

25/05/2016

Você deve achar que diante deste título, o corpo deste texto tem a ver com a malfadada história que todos os alunos do Ensino Médio conhecem bem: a crítica que José Bento Monteiro Lobato, jornalista e escritor, fez ao trabalho de Anita Malfatti, artista plástica em ascensão. Porém, há um outro lado da história de Lobato que poucos conhecem.

Para que entendam melhor o título, chamo-vos a atenção para os dias de hoje.

Estamos na Era de rápidas evoluções.

Há muitos anos, os livros eram impressos nas Editoras Francesas e Portuguesas e só os abastados tinham acesso a eles. (O livro era um artigo de luxo.)

Há poucos anos, os livros já eram impressos no Brasil, mas poucos tinham acesso a eles. (Os livros eram consultados em bibliotecas.)

Tudo começou com a Modernidade Lobatiana, que observando o pouco acesso dos brasileiros aos livros, vendeu sua fazenda no interior de São Paulo (palco de uma das suas mais célebres histórias) e comprou a Revista do Brasil, em 1917, onde imprimia os próprios livros e também os de escritores que as editoras estrangeiras rotulavam de “impublicáveis”.

Imprimir ainda não era o bastante. Então, eis mais um fato de modernidade. Para que os livros chegassem às mãos dos leitores, conveniou-se a farmácias, supermercados e pequenas lojas de roupas.

Hoje, por conta da evolução tecnológica, podemos escolher entre livros impressos ou digitais, mas os livros ainda continuam sendo artigo de luxo para os brasileiros, apesar de todo o esforço de Lobato e inúmeras campanhas de incentivo à leitura.

Há estudos que classificam mais da metade da população brasileira com uma síndrome: o analfabetismo funcional. Isso é muito perigoso, pois ler e não saber interpretar é como continuar com a mente vazia, mas quando se lê e interpreta erroneamente, passando adiante essa interpretação, com certeza logo se está diante de um caos.

Neste caso, “Somos todos Jecas Tatus. Não somos assim. Estamos assim”.

Parece que nosso autor, com sua modernidade aflorada, já tinha uma visão do futuro quando escreveu Urupês.

Encerro este texto com a frase deste que tanto fez pela Arte Moderna no Brasil: “Um país se faz com homens e livros”.

Como professora e escritora, acredito que devemos levar esta frase mais a sério. Não adianta termos muitos livros em mãos, temos que lê-los e entendê-los.

Jeanice França Alves, membro correspondente da Allarte na cidade de São Paulo, ocupa a cadeira nº 3 C, que tem como patrono Guimarães Rosa. janealves.escritora@gmail.com

Fontes:
CAVALHEIRO, Edgar. Monteiro Lobato: vida e obra. v. 2. 3 ed.. São Paulo, Brasiliense, 1962. pp. 193-194
PEREZ, Luana Castro Alves. “Analfabetismo funcional”; Brasil Escola. Disponível em

COLUNISTAS / Allarte

A Allarte (Academia Lorenense de Letras e Artes), fundada no dia 24 de setembro de 2014, tem como objetivos: acolher em seu seio valores literários e artísticos, resgatar a história de nossa cidade, apoiar e desenvolver o culto das letras, das artes e do intelecto, valorizar escritores e artistas locais exaltando pessoas e datas significativas, promover a defesa da língua, dos valores morais e éticos que fundamentam a civilização ocidental e a formação brasileira.


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