Daí você me pergunta o que é uma vida enlatada e digo que, ao meu ver, é essa vida em que todos vão e habitam uma mesma latinha.
Um exemplo disso são as fórmulas e o tal politicamente correto.
Em tempos de redes sociais e textos prontos, desses que vêm naqueles quadradinhos, um texto e uma imagem juntos que todos compartilham no Facebook, Instagram e Whatsapp, e daí algumas pessoas lêem e acham o máximo, sabe? Parece que se tenta viver de fórmulas, fórmula do que é correto, fórmula pra felicidade, fórmula de como se deve ser e viver, etc… Sim, tem uns até interessantes, mas o que não pode é as pessoas esquecerem de viver a vida real e passarem a viver apenas dentro da latinha. E pior: as pessoas que estão vivendo dentro da latinha acharem que as que estão fora, estão fazendo errado.
Quem disse que é errado viver fora da latinha? Quem disse que é errado viver exatamente o contrário do que está nos textões bonitos do Facebook?
Eu acho que errado é justamente você se preocupar o tempo todo em viver certo. Errado é não poder errar, errado é virar sardinha e ir morar na latinha. Com tanta vida por aí, qual é o problema em querer viver num aquário, numa piscina, num rio ou em alto mar?
Se voce acha legal viver na latinha, pense que tem gente que pode achar legal viver no mar e o importante é um não querer moldar, influenciar ou julgar o outro.
A vida é igual moda, cada um deve criar a sua, ou seja, aquela que lhe cai melhor.
Aline de Castro Machado é advogada há 18 anos, mãe de Bruno Machado, jornalista, e além de profissional, uma mulher em busca constante de novos desafios. Sente necessidade de refletir para tentar se autoconhecer e ao menos tentar conhecer melhor esse ser tão complexo que é o ser humano.
Apaixonada por um texto de Aina Cruz, intitulado “Teoria das pessoas complexas”, cujos trechos preferidos são: “É um tipo de gente que não sabe comer a vida pelas bordas e já enfia a colher, com tudo, no meio da sopa. Arriscam queimar a língua, porque sabem que se queimar passa… Mas para uma pessoa complexa, é a morte levar a vida a acomodar-se. Fazer as coisas porque vai ser mais confortável ou socialmente aprovado. Não se trata de rebeldia, nem de originalidade. É apenas que um coração complexo pulsa em arritmia, tem um compasso diferente… Essa gente complexa detesta assuntos burocráticos, relações burocráticas, protocolos, regras sociais… Assim, vivem cada dia como se fosse o único, como se fosse o último… Gente complexa tem alma de poeta mesmo quando nunca escreveu sequer um verso”.