Por Regina Rousseau
A Academia de Letras de Lorena tem a honra de homenagear, neste ano, seu membro fundador e, atualmente, membro honorário, o professor Ercio Molinari, como “Guardião da Memória Lorenense”.
Que ironia do destino, onde se está preso por um fio invisível, assim como uma gota d´água suspensa ao tempo, querido professor!
A 1ª Exposição de Fotos Antigas de Lorena, realizada no Edifício Guaypacaré, foi idealizada pelo senhor, no dia 29 de maio de 1976, na gestão do prefeito Carlos Eugênio Marcondes, tendo como diretor da Cultura o professor José Luiz de Miranda Alves, inaugurando, assim, seu legado na história e na memória lorenense, que se perpetuará na lembrança de todos nós. Uma cidade não é feita apenas de ruas, casas, paisagens, praças e monumentos. A cidade contém vida, pessoas e relações que traduzem o seu espírito. E isto o senhor realizou com mestria em seu trabalho de historiador através de fotos.
Professor Ercio Molinari nasceu em Lorena, a 5 de outubro de 1936.Filho de Ângelo Molinari e Vera Barbosa Molinari.Casado com a professora Maria Eulália da Silva Molinari.
Iniciou sua vida laboral na Fábrica Presidente Vargas em 1951, no Departamento de Assistência Educacional.
Licenciado em Geografia e Estudos Sociais, lecionou em escolas de Lorena, Guaratinguetá e São Sebastião.
De volta a Lorena, iniciou o trabalho de pesquisa e recuperação iconográfica da memória da cidade natal, contada em fotos e versos de vários poetas lorenenses, o que resultou na publicação de quatro álbuns, intitulados “Memórias de Lorena”.
Conheci o prof. Ercio Molinari no lançamento de seu 1º livro “Memórias de Lorena” e, a partir do 4º livro, após a Fundação da ALL, a seu convite, comecei a frequentar sua casa, auxiliando-o, datilografando e escolhendo novas fotos para compor mais dois livros que estão prontos, faltando apenas editar. Foram horas preciosas em seu escritório, recheadas de fotos, discos, livros e conversas, uma verdadeira aula de História para mim. Esses momentos só eram interrompidos pela sua esposa, Maria Eulália, ora para almoçarmos, ora para o lanche da tarde. Momentos de descontração, amizade e lembranças.
Descobrimos que nossas famílias tinham elos do passado. Professor Ercio, em sua mocidade, frequentou bailes ao lado do amigo, meu saudoso tio e padrinho, José Eduardo da Silva. Foi aluno do meu saudoso tio, José Lemes de Oliveira, professor de Educação Física, na Fábrica Presidente Vargas, hoje Imbel. Muitas vezes eles iam juntos de trem para Piquete. Também trabalhou com meu saudoso tio, Sebastião Eloy, tesoureiro da Fábrica Presidente Vargas. E depois, já formado em Geografia, lecionou nas mesmas escolas, junto do meu saudoso tio, Aristides Eduardo da Silva, do qual tornou-se amigo fiel.
Algumas pessoas marcam a nossa vida, deixam mensagens que nunca se apagam das nossas mentes, que se tornam aprendizados que levamos para sempre conosco. E nem sempre é por meio das palavras que aprendemos. Ética, generosidade, amizade e humildade são atitudes e qualidades que vêm nas ações, e que ficam de exemplo e inspiração.
A pessoa que sou hoje, professor Ercio, é muito do que aprendeu com sua sabedoria e com sua plena vontade de compartilhar! Em Lorena, há uma página no Facebook, intitulada “Lorena em fotos antigas”, tendo a maior parte do álbum composto, cedida de seu vasto acervo. Todos que participam contam, comentando através das fotos, a história que viveram, suas lembranças saudosas. Foi por causa do gosto pelas fotos antigas que comecei minha busca por mais fotos para ampliar este acervo, garimpando fotos na família, nos amigos.
A Academia de Letras de Lorena continuará seu trabalho, inaugurando a sala “Acervo Ercio Molinari”.
Querido professor Ercio Molinari, no meu pensamento e na minha vida, você será imortal. Minha eterna gratidão.
A Academia de Letras de Lorena foi fundada em 21 de março de 2009 e a posse dos membros ocorreu em 16 de agosto daquele ano, data que é comemorada como seu aniversário. Possui como patrono Euclydes da Cunha, por ter vivido em Lorena e aqui iniciado a educação de seus filhos e corrigido os originais de sua obra maior, “Os Sertões”. São 30 acadêmicos distribuídos em cadeiras que possuem, cada uma, um patrono ou patronesse. Realiza reuniões mensais abertas ao público, trazendo sempre uma apresentação cultural para completar a reunião literária. Nessas reuniões, o público é convidado a declamar e a ler poemas e outras obras de sua autoria ou de outros autores.
Foi declarada de Utilidade Pública Municipal pela Lei Ordinária 3.599, de 23/5/2013.