Caros leitores,
Estou de volta! Depois de uma breve pausa para ajeitar os afazeres de uma rotina intensa de trabalho e estudos, retomo aqui nosso bate papo sobre o tema de costume: inclusão, deficiência e acessibilidade.
O contraste entre a cultura inclusiva e a cultura do capacitismo tem gerado uma série de debates internet afora, principalmente agora em dezembro, quando se comemora o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
Saindo das telinhas para a vida real, a cultura inclusiva reconhece e valoriza a pessoa, aquilo que ela consegue realizar, propondo e adaptando meios, técnicas e métodos para que a deficiência não seja impregnada como um fator incapacitante. Já o capacitismo pode ser relacionado às pessoas com deficiência, assim como o racismo pode ser relacionado a pessoas com cor de pele diferente.
Sendo assim, é através da cultura inclusiva que as instituições do setor público e privado começam a perceber que as pessoas não são iguais e que a acessibilidade vai muito além de uma rampa ou um sanitário com barras de apoio. Que também não precisam decidir por nós!
Não desmerecendo a importância dessas adaptações, a cultura inclusiva depende da confiança, da cumplicidade, de uma comunicação eficiente e de uma mente aberta. Escutei nessa semana que “ninguém é melhor do que todos nós juntos”. Acredito muito que podemos ser iguais na multidão justamente quando o conceito da cultura inclusiva trouxer uma convivência mais natural, sem rótulos e sem vendas.
Defendo que a cultura inclusiva também é construída por cada um de nós, pessoas com deficiência, que estejam dispostas a dialogar, conviver com autonomia, sem vender a ideia de que as necessidades individuais representam a coletividade. Até as pessoas que se enquadram numa mesma classificação de deficiência física, intelectual ou sensorial, possuem necessidades diversas e específicas, que dependem, dentre outros, da sua personalidade, da história de vida, do rumo que pretendem seguir nessa caminhada de militância.
Em oposição à cultura inclusiva, percebemos a crescente disseminação da cultura do capacitismo, como a concepção presente no social que tende a pensar as pessoas com deficiência como não iguais, menos humanas e menos capazes. O capacitismo é uma forma de discriminação e de preconceito social, quando, por exemplo, alguém dirige-se ao acompanhante de uma pessoa cega para iniciar a conversa. Para essa concepção, o normal é não ter deficiência e qualquer pessoa com deficiência é vista como exceção. A deficiência é algo a ser superado, corrigido, além de que cada ato heroico realizado por essas pessoas tem como o peso a superação.
Para não praticar o capacitismo, tenha em mente que as pessoas com deficiência não são inferiores pelo fato de serem diferentes de você. Por isso, evite tratá-las com pena e caridade!
Luciane Molina é pedagoga, braillista e pessoa com deficiência visual. Possui pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e em Tecnologia, Formação de Professores e Sociedade pela Unifei (Universidade Federal de Itajubá). Sua trajetória profissional inclui trabalhos com educação inclusiva, ensino do sistema Braille, da tecnologia assistiva, do soroban e demais recursos para pessoas cegas ou com baixa visão, além de atuar desde 2006 com formação de professores. Foi vencedora do IV Prêmio Sentidos, em 2011, e do IV Ações Inclusivas, em 2014, ambos pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPCD-SP). Também é palestrante e co-autora do livro Educação Digital: a tecnologia a favor da inclusão. Atualmente, integra a equipe técnica da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso de Caraguatatuba (SEPEDI), com ações voltadas para a comunicação inclusiva, políticas públicas para pessoas com deficiência visual e Núcleo de Apoio às Deficiências Sensoriais.
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