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Ocilio Jose Azevedo Ferraz, uma pessoa intensamente interessante, um viajante do tempo, sábio, mas sobretudo, simples. E o simples é o que o torna uma pessoa especial, pois ele traz dentro de si uma chama incandescente, a qual chamo de amor. Amor pelo belo, pelo justo, pelo simples.
Cheguei em Silveiras, dia 22 de maio de 2013, pouco antes do almoço. Num sítio no meio da cidade, onde ele mantém pomares e hortas que abastecem as panelas, sempre cheirosas, em cima do fogão de lenha. Lá estava aquele homem fascinante, com seu amigo José Ricardo e seus fiéis escudeiros e ajudantes: Maria e Eugênio.
Era seu aniversário. Colhi uma florzinha de seu imenso quintal e ofereci a ele. Ele abraçou-me demoradamente, como se sempre me conhecesse. Aquele abraço selou nossa amizade. E neste cenário, olhando para as janelas que emolduram verdes, almoçamos, saboreando sua comida caseira, eu, ele, uma amiga querida em comum e meu ex-professor de faculdade, José Ricardo.
Mais que títulos de sociólogo, escritor, pesquisador, empreendedor e membro acadêmico, Ocílio é acolhedor. Filho de Silveiras, estava completando 75 anos de vida, bem vivida. Suas primeiras letras e vivências artísticas, históricas e culturais ocorreram em Cachoeira Paulista e Lorena, e ele é conhecido em todo o Vale Paraíba, São Paulo e internacionalmente.
Ao conversar com ele, percebe-se a simplicidade própria daqueles que são iluminados. Possui uma fascinante diversidade cultural, histórica, ambiental, arquitetônica, musical, gastronômica e dos valores humanos raramente cultivados. É um empreendedor motivado, estimulou a implantação de instituições preservacionistas em toda a região. Em sua fazenda Gramado, em Caçapava, implantou pioneiro núcleo de educação ambiental, cultural, rural e gastronômica, com resultados multiplicadores pela ousadia na percepção de talentos, nos mais singelos ambientes rurais e urbanos daquele município.
Ocílio Ferraz, desde 1988, reside em sua Fazenda do Tropeiro, na cidade natal de Silveiras, onde mantém um restaurante com o próprio nome. Um misto de restaurante, cozinha, biblioteca e local de divulgação cultural, onde se saboreia a cozinha tropeira, objetivo desta aventura gastronômica. Entre os petiscos, regados com cachaças variadas, encontram-se lambari de rabo vermelho, torresminho, mandioca frita, pinhão, lingüiça, queijos, variadas saladas, galinha caipira com urucum, a leitoa cevada no pinhão, a paçoca de amendoim feita no pilão e, claro, a farofa de içá, que eu amo desde criança.
É membro da Academia de Letras de Cachoeira Paulista, membro da Academia Brasileira de Gastronomia, reconhecida internacionalmente. Suas publicações fazem parte também da Biblioteca do Congresso Norte Americano.
Tudo isso é importante; porém, a imagem que guardo do homem Ocílio é sua capacidade de amar e acolher pessoas, da mais graduada àquelas sem estudo algum, da mesma maneira, com a mesma cordialidade, sem afetações.
A amizade começou aqui e continuará na eternidade, sem as limitações humanas; portanto, de forma completa. Na eternidade, os dias não serão contados… pois a semente plantada aqui será colhida como fruto das horas compartilhadas.
Descanse na Paz do Eterno, amigo querido. Seu legado sobreviverá nas violas caipiras, nas rodas de causos à beira do fogão de lenha recheados de farofas de içá e amigos.
Membro fundadora da Academia de Letras de Lorena, da qual é atualmente a diretora Cultural, Regina Rousseau é licenciada em Pedagogia, professora, escritora e aprendiz de poeta. Compõe versos simples, melódicos e suaves para si mesma e para seu leitor. Em 1998, editou seu primeiro livro de poesias, “O Canto do Rouxinol”. Escreveu outros romances, ensaios e crônicas, muitos a serem editados. Escreveu no jornal Guaypacaré por 16 anos, uma coluna semanal; atualmente, escreve no jornal “O Lorenense”, no Cantinho Literário.
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