O planeta completou mais uma volta ao redor do sol e, pela primeira vez em muitos anos, não terei agenda de papel para acompanhar meus compromissos deste ano novo, que já completa quase um vigésimo de sua existência. São sinais que mostram que mudanças devem ocorrer, pois os cadernos de anotação continuam, sem dúvida.
Depois de mais de dois meses de silêncio da coluna, volto listando algumas angústias na área de ciência e tecnologia havidas nessas semanas que permearão a discussão ao longo do ano, começando pelos cortes no orçamento de bolsas e projetos de pesquisa no âmbito federal que foram parcialmente revertidos agora. Porém, em São Paulo a tragédia foi maior, pois o governador resolveu de vez interferir na Fapesp, retirando 10% de seu orçamento para outros fins, orçamento este garantido pela Constituição Estadual! Se assim se pode descumprir a Lei Magna, o que mais advirá? Já tinham sido publicadas críticas sobre o funcionamento da fundação que não usaria seus recursos para fins práticos, revelando um desconhecimento profundo do administrador do estado em relação à instituição que é exemplo nacional e internacional na gestão e fomento à pesquisa científica.
O intitulado último astronauta a caminhar pela Lua, Eugene Cernan, faleceu nesta semana e suscitou a rediscussão sobre a corrida espacial e no que ela contribuiu para o desenvolvimento da Humanidade. Em muita coisa, desde os artefatos domésticos até o entendimento sobre como os astros foram formados. Mas ainda haverá aquele que diz que foi tudo um jogo de espelhos…
A bioenergia estará em alta, a despeito da desregulação do mercado de etanol, a nanotecnologia está cada vez mais presente nas discussões científicas e éticas, uma vez que gera materiais que podem adentrar nosso corpo sem controle, e a educação continuará a ser a mola propulsora da sociedade, querendo os governos ou não.
Tópicos apresentados como compromisso para discussão. Vamos ver até quando aguenta a paciência dos leitores e dos editores do site.
Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.
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