Dona Rosa comemora 300 corridas com missa no dia 5

Aos 66 anos, Dona Rosa Benedita da Silva Barbosa é exemplo para todas as gerações. No próximo dia 5 de fevereiro, domingo, ela vai celebrar, em missa, a sua participação em 300 corridas de rua! Não é apenas um marco de tantas corridas que será comemorado. É a celebração de uma mudança de vida. Uma vida repleta de realizações. A missa será celebrada pelo padre Pedro Cunha, às 19h, na Paróquia Nossa Senhora das Graças, na avenida Targino Vilela Nunes – Vila Nunes.

Dona Rosa costuma dizer que realiza seu sonho um pouquinho a cada dia. Isto porque ela é corredora, na categoria a partir de 60 anos, e cada nova conquista, no dia a dia, é motivo de comemoração. Até para fora do Brasil, para correr, Dona Rosa já foi.

Começou cedo a vontade de ser atleta profissional. Aos 9 anos, participou de uma corrida escondida dos pais; o prêmio foi uma caixa de doce, que escondeu na bananeira do quintal de casa. Porém, logo que sua mãe descobriu, com medo do pai, Da Rosa prometeu que nunca mais iria correr. Para seu pai, correr era coisa de menino e não de menina.

Ao longo dos anos, Da Rosa conta que foi se transformando em uma pessoa deprimida. Com a falta de apoio dos pais, acabou por se fechar para tudo.

Após se casar, seu marido sempre a apoiou, em tudo que queria e tinha vontade. Mas foi só a partir dos 48 anos que tornou-se corredora. E só através do retorno à corrida que sua vida mudou.

Depois de um certo tempo, ela teve um problema grave em casa e parou de correr novamente. Era 2007, quando ela passou a ser atendida pelo Creas (Centro de Referência Especializado em Assistência Social), recebendo atendimento psicológico e acompanhamento com a equipe do Centro.

“Minha vida mudou. Me tornei outra pessoa, passei a ajudar outras pessoas e a minha própria família”, conta. Na Oficina Fuxicando, hoje extinta, Dona Rosa trabalhou e ajudou suas colegas de turma, durante sete anos. O principal objetivo dela era o de levantar o astral das colegas de Oficina, mostrando que, apesar dos problemas familiares graves que elas enfrentavam, ainda havia um novo caminho a ser trilhado, em busca da saúde e da felicidade.

Dona Rosa fez questão de ir ao gabinete do vereador Fábio Matos, para entregar pessoalmente o convite de sua missa

Recuperada do trauma sofrido em família, Dona Rosa voltou a correr em 2008. “A cada corrida que eu participava, levava a medalha para as meninas, falava do quanto me sentia feliz por correr”, lembra. Muitas mulheres daquele grupo começaram a caminhar, correr ou praticar atividades físicas inspiradas por Dona Rosa.

Dona Rosa treina hoje no CSU (Centro Social Urbano), sede da Secretaria Municipal de Esportes, Juventude e Lazer, hoje sob o comando de Vera Silva. “Já faz nove anos que treino no CSU e sinto uma alegria muito grande de ter, como colegas de equipe, pessoas que eu incentivei a correr”.

Durante a semana, Dona Rosa treina todos os dias. E aos finais de semana, quase sempre, está participando de corridas. “Quando não tem, eu fico triste”.

Entre as corridas que participou, estão a São Silvestre, Maratona de São Paulo, Maratona do Rio, Volta da Pampulha (BH) e outras. O mais importante é que, com toda dificuldade que às vezes encontra nas corridas, ela nunca deixou de concluir nenhuma. E esse é o prêmio maior. Porque nada é mais importante do que vencer os próprios limites.