Eu quando mais nova sempre pensei que esse papo dos benefícios da maturidade fosse algo apenas consolador, do tipo que a pessoa se utiliza para se consolar com o fato de estar envelhecendo. Mas agora, já com os dois pés na idade adulta e um tanto quanto distante da adolescência e um pouco menos da juventude vou buscando observar que realmente existem alguns benefícios e vantagens.
Essa fase adulta nos leva próximos da maturidade, principalmente se assim quisermos, afinal, acho mesmo que só amadurece quem quer. Vejo que amadurecer está relacionado a aceitar mais as coisas como elas são. Se resignar mais, se desapegar de tudo que é fútil e te incomoda.
Por exemplo, se me incomodo com alguma característica de uma pessoa, devo aceitar essa pessoa do jeitinho que ela é e não tentar a todo o tempo muda-la, ou me afastar dela. O que não posso é travar uma luta infinita para que tudo mude ao meu redor.
As pessoas são o que são e pronto, eu consigo quanto muito mudar a mim próprio, mas dificilmente mudarei alguém. Posso aconselhar, orientar, ajudar, mas não posso modificar, não tenho esse poder e ter maturidade é entender que não tenho poder sobre muita coisa.
Na vida, milhões de situações sairão diferentes do que imaginamos e planejamos, porém cabe a nós sabermos lidar com as frustrações e percalços. Sofrer é normal e até necessário, ficar bravo também, afinal somos todos humanos e temos sentimentos inerentes a todos os seres humanos. Porém, o que não pode é ficar agarrado ao que não é bom.
Não faça mal a outra pessoa ou a você mesmo, reclamando uma vida inteira dos defeitos dela, sem aceita-los ou respeita-los, mas também sem coragem para liberta-la e isso vale para seu relacionamento amoroso, suas amizades e seu trabalho.
Se alguma pessoa possui muitas características que não te agradam, se afasta simplesmente, mas não fique a massacrando. Se algo saiu diferente do que você planejou, seja uma viagem, um projeto de trabalho, uma festa que você não pôde ir, entenda mesmo que se não foi, é porque não era pra ser.
Se estiver diante de um problema, de uma frustração, ao invés de focar nele, foque na solução, tente resolver e se não tiver jeito, resigne-se, aceite. Ao menos conseguirá preservar um tanto de sua saúde física e emocional. Espere menos da vida, espere menos das pessoas, aceite quando algo não acontecer como planejou ou desejou.
Não é fácil, mas é um exercício diário. Só você pode levar sua vida com mais leveza e qualidade, só você pode sopesar as questões que te rodeiam, só você pode encontrar seu cerne, sua essência, sua paz.
Aline de Castro Machado é advogada há 18 anos, mãe de Bruno Machado, jornalista, e além de profissional, uma mulher em busca constante de novos desafios. Sente necessidade de refletir para tentar se autoconhecer e ao menos tentar conhecer melhor esse ser tão complexo que é o ser humano.
Apaixonada por um texto de Aina Cruz, intitulado “Teoria das pessoas complexas”, cujos trechos preferidos são: “É um tipo de gente que não sabe comer a vida pelas bordas e já enfia a colher, com tudo, no meio da sopa. Arriscam queimar a língua, porque sabem que se queimar passa… Mas para uma pessoa complexa, é a morte levar a vida a acomodar-se. Fazer as coisas porque vai ser mais confortável ou socialmente aprovado. Não se trata de rebeldia, nem de originalidade. É apenas que um coração complexo pulsa em arritmia, tem um compasso diferente… Essa gente complexa detesta assuntos burocráticos, relações burocráticas, protocolos, regras sociais… Assim, vivem cada dia como se fosse o único, como se fosse o último… Gente complexa tem alma de poeta mesmo quando nunca escreveu sequer um verso”.
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