O desgostoso mês de agosto trouxe alguma movimentação no âmbito da ciência, tecnologia e educação, nem sempre prazerosa. Tracei alguns comentários a notícias publicadas, notadamente na Folha de S. Paulo, compartilhados neste espaço.
Primeiramente, a notícia boa. Foi interessante a divulgação de tecnologias e avanços mercadológicos em uma área como a de moda, relatada na seção intitulada “O Brasil que dá certo”, no final de agosto. Porém, a reportagem se limitou às iniciativas e opiniões de empresas e associações, faltando as considerações do setor acadêmico – o curso de têxtil e moda da EACH – USP, por exemplo, que conta com duas professoras, ex-alunas da Escola de Engenharia de Lorena.
A inovação de ponta é difícil de acontecer em grandes empresas, presas à lógica da presunção de lucro independente do risco assumido. As start-ups, que possuem à frente egressos e estudantes das melhores universidades, adentram uma legislação um pouco mais segura agora, como defendido em editorial de 19/8, ainda que timidamente. São os caminhos para que o país dê os saltos tecnológicos de que a sociedade tanto precisa.
Porém, surpreende que a Univesp – a Universidade Virtual do Estado de São Paulo – expanda exponencialmente o número de vagas para alunos e não realize os concursos para contratação de docentes previstos há mais de dois anos. Faltou na reportagem do meio do mês levantar que inscrições foram feitas e as expectativas dos candidatos frustradas. Uma escola à distância da qualidade parece querer o governador, expediente já comum no ensino médio.
Por fim, a constatação de que a ciência está à míngua é reflexo de estarmos voltando ao empirismo dos primórdios da revolução industrial. Não são suficientes os exemplos de países mais desenvolvidos que sempre investem em mais conhecimento e tecnologia para superar crises econômicas. Sina de colônia e complexo de vira-lata explicam o quase desmonte da C&T no Brasil.
Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.
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