Publicada em 17/10/2017 – terça-feira
Atualizada em 19/10/2017 – quinta-feira
Após um soco na cabeça que teria sido desferido em defesa própria, segundo alegação de um presidiário beneficiado pela “saidinha” do feriado de 12 de outubro, a advogada Gabriela Monteiro, de 35 anos, faleceu ao meio-dia e vinte desta quinta-feira, dia 19. Ela estava em estado gravíssimo na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá, desde domingo de madrugada (dia 15).
Segundo informações da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Guaratinguetá, na noite de sábado, 14 de outubro, a advogada esteve em uma casa noturna em Lorena, às margens da Rodovia Presidente Dutra, acompanhada do namorado (M.A.A.J, de 23 anos), de quem também foi advogada. Ambos são de Guaratinguetá e ele estava preso na P (Penitenciária) 2 de Potim desde 2014, condenado pelos crimes de roubo e extorsão. Em regime semiaberto desde julho deste ano, a “saidinha” do Dia das Crianças era a primeira com a qual ele era beneficiado.
O relato da situação que você vai ler a seguir está baseado, até o momento, basicamente apenas no depoimento do agressor, uma vez que a vítima já encontrava-se em coma desde a madrugada do domingo (dia 15), quando deu entrada no Pronto Atendimento do Hospital Frei Galvão. Portanto, não foi possível para a Polícia apurar a versão de Gabriela, não há testemunhas das agressões e a Polícia ainda investiga o que procede das declarações do presidiário.
Como tudo aconteceu
De acordo com o depoimento de M.A.A.J., ele e Gabriela (ambos foram juntos à casa noturna e teriam consumido bebida alcóolica) saíram do show na madrugada de sábado para domingo, seguindo pela Dutra, sentido Lorena. Era ela quem dirigia. Eles já estariam discutindo (a razão seria o ciúmes dela por ele) quando chegaram na entrada da cidade. E foi então que ela parou o carro, logo no início da avenida Peixoto de Castro, quando começou a agredi-lo com unhadas (lembrando que esta é apenas a versão do agressor, não tendo sido confirmada pelas investigações, que prosseguem).
Para se “defender”, ele teria desferido um soco na região da cabeça dela. Na sequência, eles seguiram para o Pronto Socorro de Lorena.
Segundo já confirmado com a equipe de plantão do P.S., Gabriela entrou sozinha para ser atendida no Pronto Socorro. Depois de algum tempo, o namorado apareceu, com visíveis marcas de unhadas na região do pescoço. M.A.A.J. teria proposto que a Polícia fosse acionada, para que ficasse comprovado que os dois teriam se agredido. Porém, o atendimento médico e os exames solicitados sequer foram concluídos. Gabriela e seu agressor deixaram o P.S. sem comunicar que estavam indo embora.
Ainda de acordo com o relato de M.A.A.J., eles estavam voltando para Guaratinguetá, com Gabriela na condução do veículo, quando ela começou a passar muito mal no meio do caminho. Ele então assumiu a direção do carro, levando-a para o Pronto Atendimento do Hospital Frei Galvão. Foi onde Gabriela foi internada e seguiu em coma, na UTI, até o início da tarde (12h20) desta quinta-feira, dia 19, quando faleceu, em decorrência de grave traumatismo craniano.
A delegada responsável pelas investigações, dra. Darlene Ultramari, esclarece que é importante enfatizar que as informações prestadas até o momento estão sendo baseadas quase que exclusivamente nas declarações do agressor. Mas o Inquérito Policial segue para levantar se M.A.A.J. realmente está dizendo a verdade ou não.
Uma das hipóteses investigadas pela Polícia é a de que no Pronto Socorro de Lorena, o presidiário teria sugerido que a Polícia fosse chamada para “maquiar” a situação; no sentido de que “se ela está machucada, eu também estou”. Porém, ainda não se sabe se Gabriela deixou o P.S. de Lorena antes de finalizar o atendimento médico por livre e espontânea vontade ou se foi forçada por ele.
Após deixá-la no Frei Galvão, M.A.A.J. fugiu. Diante da gravidade da situação da advogada, a equipe do Hospital acionou a Polícia Militar, que conseguiu localizar e prender o acusado. Ele estava escondido na casa de uma tia e confessou o crime na Delegacia. De volta à cadeia, M.A.A.J. deve responder na Justiça por feminicídio (que é uma qualificação do crime de homicídio doloso, praticado contra a mulher e pela condição dela de mulher. Este crime pode ocorrer de duas formas: quando há violência doméstica contra a mulher ou quando é praticado contra por questões de racismo).
A pena genérica prevista para o crime de feminicídio pode variar de 12 a 30 anos de reclusão.
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