Foi nas primeiras horas da manhã de 15 de outubro de 1949. Alguém disse que os panfletos foram espalhados pela cidade, principalmente na rua Dr. Rodrigues de Azevedo, por um motorista bêbado guiando um Studbaker 48; outros afirmam sem pestanejar que foi o dono de um Austin preto, famoso por suas traquinagens urbanas, quem arremessou tais papéis pelas ruas.
Mas o fato é que Lorena amanheceu com as suas vias públicas cobertas por um panfleto que dizia o seguinte:
MOCIDADE LORENENSE!
Pomposo baile será realizado hoje, no qual será coroada a Rainha da Primavera e homenageadas as Princesas. Segundo comentário geral, a mui digna Comissão organizadora de tal festividade efetuou um convite a mais de meio cento de rapazes de uma próxima cidade e muitos outros, inclusive moças, de todo o nosso Vale do Paraíba.
Parece que não temos sociedade ou não existimos!
Assim sendo, provado está que nós, os daqui, não somos, mediante tão EXTENSIVO convite, suficientes, ou ainda mais, necessários em tal solenidade.
Que assim o seja.
A MOCIDADE LORENENSE
Lorena, 15 de outubro de 1949.
Realmente, naquela noite se realizaria, no Clube Comercial de Lorena, o grande baile da coroação da Rainha da Primavera e suas Princesas. E é lógico que a direção do Clube estendeu convites aos seus associados e também a rapazes e moças de outras cidades.
O que não se entendeu na época foi a justificação de tal bairrismo por parte de uma denominada “Mocidade Lorenense”, o exclusivismo do autor ou autores de tal panfleto, que não aceitavam pessoas de fora em festas lorenenses como o tal baile.
E muita coisa não ficou clara: a qual cidade tal documento se referia? E quem seria o alvo das suas críticas: estudantes, militares, profissionais liberais das cidades vizinhas? E por que a referência às moças das outras cidades – a sua “xenofobia” chegava a tanto?
Parece que o autor/autores do panfleto não quiseram identificar o alvo da sua preconceituosa restrição. Medo? Precaução?
Não importa; o que realmente sabemos é que alguém encontrou esquecido, no fundo de uma gaveta, esse papelzinho – testemunho de um tempo em que alguns jovens lorenenses, enciumados, sentiam-se preteridos por aqueles que nos visitavam…
Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.
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