– Como é, hoje tem baile em sua casa?
Aquele bancário que as moças encontraram na rua era o seu Nosor. Até hoje eu me pergunto de onde os pais desse personagem tiraram o seu nome – será que eles leram a história da Mesopotâmia e souberam daquele rei Nabucodonosor, que morreu louco e comendo grama? Ou Nosor não era um simples apelido que lhe deram na escola?
Ora, o que nos interessa aqui é que o seu Nosor morava na rua Manoel Prudente e era pai da Neusa. E que, quando lhe perguntavam sobre os bailinhos que realizava em sua casa, ele endireitava a sua indefectível gravata borboleta e já tinha uma resposta pronta para os curiosos:
– No domingo tem brincadeira nos seguintes horários: de manhã, durante o dia e de noite!
Frequentavam aqueles bailinhos do seu Nosor o Genésio, a Tatalmo, sua namorada, a Regina Aquino, o Trajano, a Nair, que depois se casou com o ator Percy Ayres, a Zizita – irmã dela, a Cidinha – irmã da Tatalmo, a Maria Ester Panicalli – filha do seu Afrodísio, e muitos outros jovens lorenenses.
Quando o movimento dos seus bailinhos cresceu, o seu Nosor passou a realizá-los no Clube dos Fazendeiros, numa esquina da rua Dom Bosco. Ali havia um salão de baile com uma iluminação indireta, azulada, daí ser chamado de Salão Azul. O Salão, no dizer do Wilson Januzzelli, o maior dos dançarinos lorenenses, não era propriamente um clube, mas uma verdadeira escola de dança. Dali saíram os melhores pares dançantes da cidade e da região.
O Clube Mantiqueira passou a ser, em seguida, a nova escola de dança lorenense.
Foi nesse tempo que o Carlinhos Araújo, irmão do Ivan, conhecido cronista esportivo da cidade, passou a organizar no Clube Comercial as famosas brincadeiras-dançantes chamadas Urquinhas. Ele as chamou assim em homenagem à Urca, famoso cassino do Rio de Janeiro, que tão bem conhecia.
Carlinhos era um grande dançarino, tinha classe, estilo, era criativo, inventando muitos passos novos de dança. Era um grande prazer vê-lo rodopiando na pista com o seu par constante, a Doli Campos. Tão espetaculares quanto eles eram o Wilson Januzzelli com Maria do Carmo, a popular Tatalmo, que tiravam o fôlego dos presentes com os seus lindos passos de dança no meio do salão do Comercial…
Quem frequentava as Urquinhas, entre outras moças, eram as jovens Lourdes Almeida, a Malu e a Maria Helena Pinto Antunes, a Nadir Mara (como dançava bem!), a Regina Bartelega, a Hortência Romeiro, as irmãs Brito. Os moços frequentadores dessas brincadeiras eram o João Bê, irmão do José Carlos da farmácia, o Moacyr Costa, o Hélio Giordani, e, mais tarde, o Nanão, os irmãos Gavazzi, o Ivan Carlquist, o Caio Octávio Mercier de Castro, o Niterói e muitos outros.
Quanto ao pioneiro dos bailinhos lorenenses, o seu Nosor da gravatinha borboleta, esse acabou se mudando da cidade e nunca mais foi visto. Sumiu.
Olavo Rubens Leonel Ferreira é formado em Direito, Ciências Sociais e Pegagogia. É mestre em Educação. Lecionou na Universidade de Taubaté, na Faculdade de Direito de Lorena, nas Faculdades Integradas de Cruzeiro, nas Faculdades Teresa D´Ávila de Lorena e no Anglo Vestibulares. Escreve muito; tem uma meia dúzia de livros publicados e a maior parte do que produziu ainda é inédita. Durante alguns anos publicou crônicas sobre Lorena no saudoso Guaypacaré, dos seus amigos João Bosco e Carolina. Mora em São Paulo.
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