O aumento da pressão arterial durante a gestação é um fator que pode comprometer a vida da mãe e do bebê. Esse problema é classificado como doença hipertensiva da gestação, também chamado de pré-eclâmpsia. A enfermidade afeta de 3 a 5% das gestantes, a partir do segundo trimestre de gestação.
A seguir, saiba quais os fatores de risco e os cuidados que uma gestação requer, quando a mulher desenvolve pressão alta. Todas as respostas são do dr. Carlos Alberto Marcondes, médico creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.
O que é pré-eclâmpsia?
Pré-eclâmpsia é uma enfermidade que afeta 3-5% das gestantes, a partir do segundo trimestre de gestação. Ela ocorre por uma invasão placentária defeituosa. Esta invasão ao útero materno cria um ambiente de aumento de resistência vascular, cursando com a liberação de diversas substâncias que provocam um aumento da pressão materna (hipertensão), aumento da permeabilidade capilar (edema) e disfunção renal.
Quais os sintomas?
A pré-eclâmpsia pode ser assintomática, mas na maioria dos casos, ocorre inchaço de face, mãos e pés (edema), além do ganho excessivo de peso. Na pré-eclâmpsia grave, podem aparecer dor de cabeça, distúrbios visuais, dor no epigástrio (estômago) e confusão mental.
Como a pré-eclâmpsia afeta a gestação?
Ela pode provocar, pela disfunção placentária e hipertensão, diversas alterações na gestação. Por exemplo, restrição do crescimento intrauterino fetal, insuficiência placentária e diminuição do líquido amniótico.
E os riscos?
O risco de não controlar a pré-eclâmpsia é desenvolver as formas mais graves da doença, que são a Síndrome de HELLP e eclâmpsia. Na primeira, ocorre a hemólise (anemia por destruição dos glóbulos vermelhos), disfunção do fígado e a diminuição de plaquetas. Já na eclâmpsia, as convulsões, que podem ser provocadas por este aumento da pressão arterial.
Como fazer o diagnóstico?
Os critérios diagnósticos para a pré-eclâmpsia foram alterados em 2014 e a definem como aparecimento de hipertensão em paciente previamente sem a doença, após 20 semanas de gestação, combinado com proteinúria (perda de proteína na urina > 300 mg / dia) ou disfunção orgânica. A presença de disfunções orgânicas maternas, tais como injúria renal, alteração hepática, neurológica ou hematológica ou hipertensão severa definem pré-eclâmpsia grave.
A combinação de artéria uterina fina no primeiro trimestre, fator de crescimento placentário e proteína-A no sangue materno prevê o início precoce de pré-eclâmpsia (sensibilidade de 93%; especificidade 95%), mas esse modelo precisa ser validado. No momento, não existe nenhum biomarcador que possa ser recomendado para predição de risco de desenvolver a pré-eclâmpsia.
Quais são os tipos de tratamento?
A primeira medida é monitorar a pressão. A depender do caso, recomenda-se o controle da pressão com medicamentos e/ou internação hospitalar, para acompanhamento frequente de possíveis alterações.
Hipertensão arterial em mulheres antes da gestação é fator de risco?
Sim. Uma das explicações para esta invasão placentária deficiente é a presença de hipertensão prévia. Outros fatores de risco são doença renal crônica, diabetes (tipo 1 ou tipo 2) e doenças autoimunes, incluindo lúpus ou síndrome de anticorpos antifosfolípides.
Mulheres acima de 40 anos, com índice de massa corporal de 35 kg/m² ou mais, síndrome do ovário policístico, história familiar de pré-eclâmpsia, gestação múltipla ou aquelas que doaram um rim são duas vezes mais propensas a desenvolver a pré-eclâmpsia.
Quais as outras formas em que a reprodução assistida pode ajudar as mulheres hipertensas?
Quando possível, somente um embrião é transferido para a paciente no tratamento de Fertilização In Vitro. Em casos graves de hipertensão ou doenças que coloquem a vida materna em risco, pode ser lançada a mão do útero de substituição ou a chamada “barriga de aluguel”. Lembrando que a cessão temporária do útero, a partir do ano passado, é permitida para parentes ascendentes (mãe, irmã, tia e prima) assim como descendentes (filha e sobrinha).
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