Adilson Roberto Gonçalves
Vejo-me escrevendo longos textos de reflexões sem leitores para a desejada discussão. Palavras ditas não são ouvidas, as escritas preenchem blogs e páginas e lá ficam. Dormentes no tempo. Continuo porque é a única terapia que faço. Minha interlocução tem sido com os clássicos, mas eles estão mortos e quando falam, são pelas palavras de outros que os interpretaram. Assim tenho ouvido Euclydes da Cunha, Machado de Assis, Lima Barreto e, recentemente, Parsifal Barroso com alguns comentários de Gilberto Freyre. A Biblioteca Nacional, com sua hemeroteca digital disponível para consulta, é farmácia popular para a mente.
O dia de hoje foi inusitado, como postei no Facebook, porque simultaneamente dois artigos saíram publicados em jornais do interior paulista, além de ter atualizado o blog dos três parágrafos ontem e seguir com este texto para O Lorenense. Contra o frio outonal briguei para sair da cama e avoquei o 23 de Maio, o dia do MMDC, como feriado para justificar a preguiça.
Mas as questões para discussão não param e estamos vivendo um momento único de espaço na mídia para olhar para a universidade pública brasileira. O Reitor da USP, Prof. Vahan Agopyan, deu entrevista às Páginas Amarelas da Veja e o da UNICAMP, Prof. Marcelo Knobel, escreveu longo artigo para a Folha de S. Paulo e é por ela entrevistado em função de encontro de reitores em Salamanca na Espanha. Em ambos, o tom é o da defesa da instituição ameaçada pelo sucateamento e privatização. Mais uma entrega de patrimônio nacional que se quer fazer. Tudo temperado com a greve dos caminhoneiros e demais transportadores em função do abusivo aumento do preço dos combustíveis.
Meu mundo de formação, atuação e convívio é o universitário. É, porém, um mundo que se vê o mundo e que não vê o mundo. É para a sociedade que os olhares devem ser desviados, procurando incluí-la, não apenas fisicamente como alunos, mas, principalmente, como protagonistas da construção de um ambiente mais sereno e confortável para exercer o direito à vida.
Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.
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