Eterna Regina: Marietta Bartelega relembra a história de sua mãe com alunos da escola que leva seu nome

Uma mulher à frente de seu tempo. Assim era Regina Bartelega, uma das lideranças mais marcantes da Lorena de sua época, com destacada atuação política e grande engajamento social. Após seu falecimento, em 1986, como forma de homenageá-la, a escola construída no bairro Cecap recebeu seu nome: Escola Estadual Regina Bartelega da Cunha Mendes Junqueira Ortiz Monteiro.

Foi pra contar essa história que a vice-prefeita e presidente do Fundo Social de Solidariedade de Lorena, Marietta Bartelega, filha de Regina, recebeu alunos da escola em seu Gabinete, na Prefeitura de Lorena, na última semana. Marietta conversou com adolescentes com idades entre 12 e 16 anos, interessados na história de sua mãe.
“Eu literalmente abri meu baú de lembranças para apresentar a história da minha maior referência de vida aos alunos. Confesso que, em alguns momentos, cheguei a derramar lágrimas, num misto de saudade e orgulho. Ver aqueles jovens interessados na história da minha mãe, curiosos sobre seus sonhos, sua vida política, seus feitos no social, tantos anos depois, foi realmente um presente”, disse Marietta, agradecendo, em especial, aos alunos Wesley, Isabela, Antônio e Paulo, e às idealizadoras do projeto sobre o resgate da história da escola, professoras Patrícia e Audiele. “Assim se perpetua por mais algumas gerações a vida de uma mulher incrível, que lutou muito por essa cidade e me deixou como legado a missão de lutar para realizar seus sonhos políticos”, finalizou Marietta, falando sobre este momento único em sua vida.

Marietta ainda vai participar de uma roda de conversa no fechamento do projeto, com todos os alunos da escola, mas ainda não há data definida para este encontro.

Quem foi Regina Bartelega

Para contextualizar a importância de Regina para Lorena, segue trecho de artigo escrito pelo jornalista João Bosco Pereira de Oliveira no saudoso Jornal Guaypacaré, à época de sua morte (23/8/1986):

“Lorena continua consternada, chocada, lamentando a morte desta senhora simpática, bonita, inteligente, uma autêntica líder que marcou época em nossa cidade e que conquistou, ao longo dos anos, graças ao seu carisma, à assistência social que fazia, uma posição destacada não apenas em nossa sociedade, mas, sobretudo e principalmente, no coração dos mais humildes, dos pobres de Lorena!
Regina Bartelega já está no céu, junto ao Pai eterno, onde continua a ser – como foi aqui na Terra – nossa representante, agora também lá.

Se, por um lado, Lorena chora a morte de Regina aos 44 anos de idade, em plena época de curtir melhor a vida – fato que realmente acontecia, já que Regina afirmava constantemente que agora vinha vivendo muito mais intensamente as boas coisas da vida –, por outro lado, resta-nos a alegria de saber que Regina só foi depois de ter conhecido bastante desse mundo, praticamente tudo que a vida pode oferecer: foi pobre, foi simples, foi humilde, foi rica, foi importante, foi madame… foi mulher, esposa, mãe, filha, irmã… Foi líder, representante legítima do nosso povo, à medida em que ganhou nas urnas em número de votos nas últimas eleições para prefeito, só não assumindo a Prefeitura de Lorena porque os casuísmos da legislação eleitoral acabaram por dar a vitória, pela soma dos votos de legenda, ao outro partido, mesmo que Regina, sozinha, tenha vencido os 3 concorrentes que enfrentava, faltando-lhe apenas 86 votos para ultrapassar a soma dos outros 3 juntos. (…) Lorena era a sua paixão maior, afinal, aqui era a sua terra natal.
(…) Trabalhou muito por Lorena, não apenas no campo da assistência social, mas também administrativamente, à medida em que conseguia para a cidade, desde 1971 – há 15 anos, benefícios junto aos governos do Estado e federal. A reabertura das passagens de nível, na rua Principal e na Cel José Vicente, por exemplo, foram algumas das boas coisas realizadas por Regina.

Isso sem contar os milhares de doentes transportados na sua ambulância: os pobres que dela ganhavam desde compras de mantimentos até cobertores e roupas; as escolas de samba e blocos por ela ajudados, de classe, as tantas noivas que tiveram suas festas de casamento no salão de sua casa, sempre à disposição do povo. Quanta gente de Lorena hoje está empregada, trabalhando, ganhando o pão de cada dia, graças à intervenção de Regina Bartelega?

Quantos pobres hoje estão curados, sãos, graças às operações, tratamentos, remédios e até viagens custeados por Regina?

E tudo isso era espontâneo em Regina, era natural, não demagógico e eleitoreiro, não só às vésperas de eleições. Regina fazia o bem durante todo o tempo, o ano inteiro, independentemente de ser ou não um ano eleitoral. Ela se sentia bem ajudando as pessoas, isso a realizava.

Foi uma mulher brilhante, marcante, talentosa, inteligente, carismática… alguém que fica para sempre na lembrança dos lorenenses, no coração desta gente que a admirava. Agora, para Regina, fica a saudade dos amigos, a gratidão dos mais humildes, o exemplo de luta por um ideal.

Suas filhas, Marietta e Alexandra, por certo herdaram da mãe o amor por Lorena, a consideração para com as coisas de nossa terra”.