O Brasil acompanha de maneira apreensiva a votação da prisão em segunda instância pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Corações batem forte em uma mistura de revolta e expectativa. Tem gente que torce para determinado desdobramento por paixão, sem conhecer absolutamente nada de lei ou da Constituição.
Muitas vezes, a pessoa deixa a antipatia pela cara de sapo de um ministro ou pela careca do outro interferir no ponto de vista. Só que o STF é tão somente o órgão que assegura o respeito pela Carta Magna brasileira. A Constituição do Brasil é soberana.
O artigo 5o, por exemplo, fala que ninguém “será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Isto sem falar em presunção da inocência. O termo refere-se ao estado de inocência como regra – até que se prove o contrário.
Todavia, o brasileiro está acostumado a julgar antes. Não gosta de ser julgado e adora julgar. E julga como ninguém o outro, mas deixa a desejar quando necessita fazer um autojulgamento. Sempre assim.
Como é curioso observar a capacidade que temos de olhar para a vida alheia sem entender o contexto dela… Afinal, empatia é uma característica em extinção. Indago se há alguém que conhece mesmo o termo empatia.
Então, vou usar a coluna para contribuir: empatia é colocar-me no lugar do outro. Originou-se de duas palavras gregas, in (para dentro) e pathos (sentimento).
O que fazer então, se eu não conseguir entender a história do outro?
Sugiro outra palavra: diálogo. Também do grego, o termo junta o verbete “palavra” com a expressão “por intermédio”. É possível esclarecer muita coisa por meio de uma simples pergunta.
Mas antes de perguntar, há uma provocante tendência de olhar para o outro e afirmar. E quando afirmamos, apontamos supostos erros como se fôssemos perfeitos. É como olhar o cisco no olho do outro e se esquecer da trave que tampa a nossa visão.
Como seríamos melhores se entendêssemos um pouco de termos como empatia e diálogo e conceitos como o da presunção da inocência. Talvez evitaríamos muito conflito. Talvez evitaríamos muito julgamento. Talvez seríamos considerados inocentes antes de sermos julgados de maneira injusta, conforme pensamos que somos muitas vezes.
A mudança do mundo começa em nós mesmos. E se podemos fazer diferente, por que então permanecemos, de maneira medíocre, iguais? A ideia não era evoluir?
É isso.
José Aurélio Pereira é jornalista, professor universitário e mestre em Comunicação. Atua em Lorena como empresário, no setor da Educação.
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