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O fim da picada é você morrer de uma picada… Dengue mata!

09/03/2015

Já são 151 casos confirmados da doença na cidade. Porém, realidade pode ser ainda mais preocupante. 10 minutos uma vez por semana: é só o que você precisa para eliminar os criadouros do seu lar e, assim, colaborar com 80% dos criadouros de dengue na atualidade
Vinda nos sucessivos navios negreiros, há relatos de que a picada do “Aedes aegypti” foi a responsável pela morte de tripulações inteiras, deixando os tumbeiros à deriva no oceano, gerando a lenda da Maldição dos “Navios Fantasmas”.
Após seu desaparecimento na década de 1950, após um grande trabalho da OPAS (Organização Pan Americana de Saúde), a dengue ressurgiu devido à descontinuidade dos trabalhos preventivos. O que vemos agora é o agravamento da doença, ano a ano, devido às grandes epidemias por sorotipos diferentes.
É por isso que devemos nos preocupar muito em Lorena, pois, embora não tenha sido feito um grande estudo dos sorotipos circulando na cidade, podemos deduzir que temos, pelo menos, mais de um no nosso ecossistema e vamos entender o porquê.
Tipos de vírus
Existem quatro tipos de vírus: Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4. Todos eles podem causar dengue; a infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo, mas imunidade parcial e temporária contra os outros três.
Como em 2011 tivemos mais de 3.400 casos registrados quando o sorotipo circulante era o Den-1 e há relatos de pessoas desse grupo reinfectadas (e sabendo que elas têm imunidade para o Den-1), podemos deduzir que existe outro sorotipo circulando na cidade.  
Mas o que isso quer dizer? Isso significa que as probabilidades de um indivíduo que teve dengue se reinfectar com outro sorotipo e, a partir de então, desenvolver a dengue hemorrágica, é bem maior, e o risco de morte também, ou seja, o perigo ronda mais perto do que imaginamos.
Paciente apresentando exantema típico de dengue: desaparece quando aplicamos pressão
Sinais de alerta
Os sintomas da dengue clássica são: febre súbita e alta, dores de cabeça, intensa dor muscular, nos ossos e articulações, manchas vermelhas na pele, cansaço, vômitos, náuseas, falta de apetite, diarréia e dores atrás dos olhos (retro orbital).
Quando a febre desaparece, normalmente no terceiro dia, é que a doença pode se agravar para a forma hemorrágica, com sintomas que incluem fortes dores na região do abdomên, vômitos intensos, pele pálida, fria e úmida, sangramentos na boca, na gengiva ou no nariz, pulso fraco, dificuldade de respiração, sensação de boca seca, pulso rápido e fraco, muita sede, perda de consciência, podendo levar ao choque.
A síndrome de choque da dengue, quando não tratada, pode levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue hemorrágica morrem. 
É bom lembrar que não há um tratamento específico para os doentes com dengue, que a dengue hemorrágica é mais comum na segunda infecção, mas pode evoluir já na primeira e que a doença é muito dolorosa. Trata-se apenas os sintomas como febres, dores de cabeça e no corpo, com repouso e hidratação em casa mesmo. 
Já quando o quadro se agrava para dengue hemorrágica, os cuidados devem ser redobrados. O tratamento também deve ser baseado na reidratação, mas é necessária uma observação médica mais rigorosa devido à diminuição do número de plaquetas (que são responsáveis pela coagulação do sangue), que pode causar a hemorragia da dengue e a morte. 
Vacina ainda não existe
A vacina ainda não foi possível devido às diferenças dos sorotipos. Não se pode desenvolver a vacina apenas para um sorotipo, pois numa possível contaminação por outro sorotipo, o organismo vai entender que é uma reinfecção e isso pode causar a dengue hemorrágica. 
É preciso desenvolver uma vacina com os quatro sorotipos combinados, mas isso ainda não é possível. O Instituto Butantã e a Fundação Oswaldo Cruz estão trabalhando para desenvolver essa vacina, assim como alguns laboratórios dos Estados Unidos; porém, ainda não conseguiram produzi-la.
Por isso, todo cuidado é pouco, e esse cuidado chama-se prevenção, eliminando os criadouros.
Conheça nosso inimigo
A fêmea do Aedes é quem transmite a doença, contraindo de alguém contaminado para outro alguém, através da picada, que é indolor, e assim vai transmitindo a doença até morrer, por cerca de 30 a 45 dias.
Nesse período, a fêmea pode colocar até mil ovos, que podem permanecer em local seco por até um ano, normalmente em bordas de utensílios e objetos que podem acumular água. Em contato com a água, o ovo eclode e começa a metamorfose de pupa, larva, até transformar-se em mosquito adulto, período que leva 10 dias. 
O mosquito adulto pode acasalar no primeiro ou segundo dia de vida e daí em diante precisa das proteínas do sangue para desenvolver seus ovos e se alimentar, reiniciando o ciclo de vida, picando as pessoas por cerca de 30 a 45 dias, período que ele vive aproximadamente.
Em sua odisséia para espalhar a doença, ele pode alcançar de 500 a 1000 metros de distância, ou seja, não adianta cuidarmos apenas da nossa casa e do ambiente de trabalho; nossos vizinhos também têm de fazer o mesmo. 
A fêmea normalmente pica pela manhã ou ao final da tarde, mas dentro de casa, ataca a qualquer hora. É um mosquito diurno, mas há relatos dizendo que a luz branca, muito usada por ser mais econômica, também tem atraído esses seres indesejados à noite também.
Existem trabalhos falando sobre a mutação do mosquito, relatando que ele está se adaptando para se desenvolver em água suja e salgada.
A transmissão da dengue raramente ocorre em temperaturas abaixo de 16°C, sendo que a mais propícia gira em torno de 30°C a 32°C – por isso ele se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. 
O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. 
Aedes aegypti adulto, preto com listas brancas
Prevenção
O uso de repelentes, principalmente em viagens ou em locais com muitos mosquitos, é um método eficaz para se proteger contra a dengue. Recomenda-se, porém, o uso de produtos industrializados. Repelentes caseiros, como andiroba, cravo-da-índia, citronela e óleo de soja não possuem grau de repelência forte o suficiente para manter o mosquito longe por muito tempo.
 
Campanha 2012: Lorena e os 10 minutos contra a dengue
Todos se lembram do trabalho que fizemos em 2012, baseado nos 10 minutos contra a dengue, método de Cingapura após várias mortes por dengue hemorrágica e que você pode fazer também. 
É fácil. Uma vez por semana, você deve inspecionar e eliminar os possíveis criadouros da sua casa. Pense bem: se ele precisa de 10 dias pra passar de ovo a mosquito adulto, você fazendo esse trabalho uma vez por semana, sempre no mesmo dia, por 10 minutos, livra sua casa de qualquer criadouro.
Escolha um dia na semana para esta tarefa. Um bom dia é o domingo. Assim você pode envolver toda a família. E acredite: as crianças adoram e você desenvolve esse hábito nelas desde cedo. Se faltar motivação, lembre-se do slogan acima: “A DENGUE PODE TE MATAR OU QUEM VOCÊ MAIS AMA”. 
Para facilitar, siga o check list: prevenção
– Evite o acúmulo de água
O Aedes aegytpi coloca seus ovos em água limpa, mas não necessariamente potável. Por isso, jogue fora pneus velhos, vire garrafas com a boca para baixo e, caso seu quintal seja propenso à formação de poças, realize a drenagem do terreno. Não se esqueça também de lavar a vasilha de água do seu bicho de estimação regularmente e manter fechadas tampas de caixas d´água e cisternas. Se no seu muro tiver cacos de vidro, certifique-se que não estejam acumulando água; se estiverem, quebre-os ou coloque areia. Cuidado com plantas que acumulam água, como as bromélias: elimine a água.
– Coloque desinfetante nos ralos
Ralos pequenos de cozinhas e banheiros raramente tornam-se foco de dengue devido ao constante uso de produtos químicos, como xampus, sabão e água sanitária. Entretanto, alguns ralos são rasos e conservam água estagnada em seu interior. Nesse caso, o ideal é que ele seja fechado com uma tela ou que seja higienizado com desinfetante regularmente, como hipoclorito de sódio. Cuidado com o banheirinho dos fundos; mantenha-o tampado, dê descargas regulares e coloque cloro no ralo.
– Limpe as calhas e piscinas
Folhas de árvores e sujeira em geral podem represar pequenas poças de água nas calhas; por isso, mantê-las limpas é a solução. A piscina tem de ser limpa e clorada semanalmente.
– Gaveta da geladeira
Certifique-se que a gaveta que recolhe a água embaixo da geladeira esteja limpa e seca.
– Geral
Brinquedos espalhados no quintal que possam acumular água, potes de iogurte, tampinha de refrigerante, potes de margarina, ferramentas, baldes, qualquer coisa que pode acumular água representa perigo, deve ser eliminado. Nesse período de escassez, tem muita gente guardando água de chuva ou da máquina de lavar, certifique-se que o recipiente esteja tampado.
10 minutos uma vez por semana: é só o que você precisa para eliminar os criadouros do seu lar e, assim, colaborar com 80% dos criadouros de dengue na atualidade.
Situação na cidade
Até o final da semana passada, Lorena contabilizava 151 casos confirmados da doença. Porém, realidade pode ser ainda mais preocupante.
Portanto, cada cidadão lorenense precisa fazer a sua parte!

COLUNISTAS / Mafu Vieira

Valdemir Vieira, popularmente conhecido como Mafu, é formado em Enfermagem e Obstetrícia pela Unitau, pós-graduado em Terapia Intensiva e mestre em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem da USP, com trabalhos apresentados no Brasil e exterior, além de responsável técnico de Enfermagem do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) – Lorena. Professor convidado nos cursos de pós-graduação da Fatea e outras universidades das cidades vizinhas, palestrante dos assuntos de políticas públicas e motivacionais, Mafu também é formado em Professional and Self Coaching, potencializando as lideranças profissionais em diversas empresas e em áreas distintas. Lorenense nato e ex-vereador, está sempre envolvido e atento aos assuntos da cidade e vem, com a mesma performance de colunista que foi do Jornal Guaypacaré, diretamente para a coluna, de mesmo nome, no Portal “O Lorenense”. Com ele, são “Outros Papos”…



maphus@gmail.com

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