Quando digo que sou Químico, logo me rotulam como Engenheiro, o que não sou. Tanto a Engenharia Química como a Química são campos correlatos do conhecimento, cujos profissionais são inscritos no mesmo Conselho Federal – o CFQ –, mas que possuem fundamentos em sua formação bem distintos. Um deles é a Matemática.
Diz-se que Químicos são avessos ao tratamento numérico de suas descobertas, o que é uma meia-verdade. O volume de cálculo na formação de um Engenheiro, qualquer que seja, é grande e para o Bacharel ou Licenciado em Química essa carga de matemática é bem menor. Digo a meus alunos que a matemática deve atuar como ferramenta e, parodiando Ferreira Gullar, não é para humilhar ninguém. Porém, conhecimentos triviais, como o cálculo das raízes de uma equação de segundo grau (a famosa fórmula de Bhaskara), relações logarítmicas e princípios de derivadas e integrais, ainda assustam estudantes que se propõem a seguir a carreira em formação superior. Em escolas como as universidades públicas estaduais e federais essa deficiência não é tão notória, ao contrário do que se verifica em instituições privadas, especialmente em cursos noturnos voltados a um público mais maduro e que trabalha em longas e duras jornadas.
Somente pude comprar minha calculadora científica quando estava na metade de meu curso superior e, antes disso, tinha de me contentar com uma calculadora simples, das que calculam as quatro operações básicas, além da importantíssima raiz quadrada. Aproveitei a oportunidade de aprender as relações logarítmicas no final do ensino médio (então colégio técnico), usar tábuas de logaritmos e transformar esse cálculo em multiplicação de fatores, porque a dita calculadora não fazia essa conta. Era mais lento para chegar ao resultado, mas forneceu-me um conhecimento de visualização rápida importante, por exemplo, para estimar variações de pH em um meio, propriedade essa que é baseada em logaritmo de concentração. Se conto essa história para algum aluno, desponta de imediato a descrença no fato ou indicação de loucura deste interlocutor.
Os cálculos modernos são simplificados pelo uso de computadores, mas é instigante saber que os princípios são aqueles desenvolvidos por matemáticos, filósofos e físicos há mais de dois séculos. O que a modernidade trouxe foi a velocidade, impossível de ser imaginada por aqueles cientistas. E, mesmo assim, achamos a matemática difícil.
Artur Ávila ganhou a medalha Fields em 2014 com estudos avançados em sistemas dinâmicos e sua conquista equivalente a um prêmio Nobel ficou um pouco ofuscada pela morte de Eduardo Campos em acidente aéreo, ocorrida no mesmo dia da divulgação da notícia do prêmio. Imagino o que ainda podemos fazer com esse conhecimento matemático que continua sendo construído, tanto para aplicações na Química, como nas demais áreas da ciência.
Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.
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