Por trás de um embrulho enfeitado com laços e cores, tem sempre um presente prestes a ser revelado aos olhos de quem rasga com entusiasmo o papel e retira os nós. É assim desde que somos crianças; desembrulhar presentes é uma tarefa que nos dá ânimo, entusiasmo, ansiedade para descobrir o que existe dentro daquele misterioso pacote. Quando a surpresa tem que ser ainda maior, ouvimos o famoso “feche os olhos e abra as mãos”.
Sentir o que está por fora é tão mágico, porque apertamos, sacudimos, tateamos, tudo para ter uma pista daquilo que está bem guardado na embalagem. Um som, um cheiro, o formato… uma decepção ou uma alegria?
Porém, para quem tem deficiência visual, desembrulhar o presente nem sempre basta para descobrir o que está na embalagem. Faltam detalhes que complementem as características do objeto, sobram caixas e rótulos sem identificação em Braille. Algumas marcas se revelam naturalmente, porque utilizam um conjunto de estratégias para serem notadas entre tantas outras concorrentes.
De que cor é aquela bolsa? Qual a estampa da blusa? Filme ou música, qual DVD é esse? O que tem dentro de uma caixa quadradinha lacrada com plástico, bombons ou perfume?
Apesar disso, o momento se torna ainda mais emocionante. Não há falta de acessibilidade que mate o encanto da descoberta de um presente recém chegado em nossas mãos. Também não existe o presente inclusivo, próprio para cada deficiência. A diferença é que o mistério se prolonga mais um pouco, até desvendarmos o que já pode ser visto por todos, menos por nós!
E se são as coisas invisíveis os maiores presentes, desejo aos meus leitores uma caixa do tamanho do infinito, que guarde a prosperidade de uma vida inteira, saúde de sobra, amor para distribuir aos montes, uma coleção de sonhos e esperança para realizá-los. Que tenhamos mais de 2016 motivos para sorrir e confraternizar. Que a humanidade compreenda o valor do ser humano e que estes colaborem para um mundo mais justo, mais acessível e que caiba no nosso amanhã!
Boas Festas!