Foi o acontecimento tecnológico e astronáutico do mês. A SpaceX lançou o foguete Falcon Heavy ao espaço, carregando um carro, um Tesla Roadster. A empresa vem revolucionando a área com o desenvolvimento de lançamentos a custos bem menores que os da NASA e outras congêneres, utilizando uma estratégia que permite o retorno à superfície de alguns dos propulsores, que podem ser reutilizados.
Tenho a foto mais límpida de Saturno como imagem da área de trabalho de meu computador e fiz cópia da imagem da Estação Espacial Internacional quando ela sobrevoou o Brasil na hora do início da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Agora, a foto do veículo de cor avermelhada com um boneco vestindo traje espacial fazendo o papel de motorista e a Terra por trás é mais uma dessas aquisições.
Pode-se questionar o que ganha a Humanidade com tal proeza. Difícil de medir, mas o simbolismo é gritante. Da mesma forma que chegamos à Lua e planejamos a viagem a Marte, esse foi um acontecimento para provar que é possível superar alguns desafios. Conquistar o espaço e outros astros porque é possível ou necessário ou simplesmente porque estão lá e ninguém havia ido antes. Quem chegar primeiro ditará as regras, diz um famoso jargão dos exploradores.
Cada um de nós carrega em seus bolsos e bolsas um aparelho com mais tecnologia e capacidade de processamento computacional que qualquer um dos astronautas que pisaram no solo lunar. A questão é o que se faz com isso e a tecnologia passa a ser um bem entre o supérfluo e o artificialmente indispensável. Daí ser cada vez mais importante compreender a abrangência social daquilo que criamos como conhecimento.
Aprenderemos com mais esse desafio superado. Como já não é possível candidatar-me a uma viagem ao planeta vermelho, faço o papel de admirador das proezas, esperando que acabe logo esta sensação de que, na política, já vivemos em outro mundo.
Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.
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