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COLUNISTAS / O saber acontece

Um carro no espaço

20/02/2018

Foi o acontecimento tecnológico e astronáutico do mês. A SpaceX lançou o foguete Falcon Heavy ao espaço, carregando um carro, um Tesla Roadster. A empresa vem revolucionando a área com o desenvolvimento de lançamentos a custos bem menores que os da NASA e outras congêneres, utilizando uma estratégia que permite o retorno à superfície de alguns dos propulsores, que podem ser reutilizados.

Tenho a foto mais límpida de Saturno como imagem da área de trabalho de meu computador e fiz cópia da imagem da Estação Espacial Internacional quando ela sobrevoou o Brasil na hora do início da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Agora, a foto do veículo de cor avermelhada com um boneco vestindo traje espacial fazendo o papel de motorista e a Terra por trás é mais uma dessas aquisições.

Pode-se questionar o que ganha a Humanidade com tal proeza. Difícil de medir, mas o simbolismo é gritante. Da mesma forma que chegamos à Lua e planejamos a viagem a Marte, esse foi um acontecimento para provar que é possível superar alguns desafios. Conquistar o espaço e outros astros porque é possível ou necessário ou simplesmente porque estão lá e ninguém havia ido antes. Quem chegar primeiro ditará as regras, diz um famoso jargão dos exploradores.

Cada um de nós carrega em seus bolsos e bolsas um aparelho com mais tecnologia e capacidade de processamento computacional que qualquer um dos astronautas que pisaram no solo lunar. A questão é o que se faz com isso e a tecnologia passa a ser um bem entre o supérfluo e o artificialmente indispensável. Daí ser cada vez mais importante compreender a abrangência social daquilo que criamos como conhecimento.

Aprenderemos com mais esse desafio superado. Como já não é possível candidatar-me a uma viagem ao planeta vermelho, faço o papel de admirador das proezas, esperando que acabe logo esta sensação de que, na política, já vivemos em outro mundo.

 

COLUNISTAS / Adilson Gonçalves

Pesquisador científico, formado em Química pela Unicamp. Foi professor na EEL-USP, em Lorena, por 20 anos, e atua na pesquisa de biocombustíveis e conversão de biomassa vegetal. Presidiu o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Lorena por dois mandatos e é membro fundador da Academia de Letras de Lorena, tendo sido seu presidente por quatro anos.


priadi@uol.com.br

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