Autor: Luciane Molina

Luciane Molina é pedagoga, braillista e pessoa com deficiência visual. Possui pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e em Tecnologia, Formação de Professores e Sociedade pela Unifei (Universidade Federal de Itajubá).  Sua trajetória profissional inclui trabalhos com educação inclusiva, ensino do sistema Braille, da tecnologia assistiva, do soroban  e demais recursos para pessoas cegas ou com baixa visão, além de atuar desde 2006 com formação de professores.  Foi vencedora do IV Prêmio Sentidos, em 2011, e do IV Ações Inclusivas, em 2014, ambos pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPCD-SP). Também é palestrante e co-autora do livro Educação Digital: a tecnologia a favor da inclusão. Atualmente, integra a equipe técnica da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso de Caraguatatuba (SEPEDI), com ações voltadas para a comunicação inclusiva, políticas públicas para pessoas com deficiência visual e Núcleo de Apoio às Deficiências Sensoriais.

Computadores e celulares com acesso à internet hoje fazem parte da realidade de muita gente. Para o entretenimento ou para o uso profissional, está cada vez mais difícil “desgrudar” desses dispositivos. Pessoas, pelo mundo inteiro, utilizam as tecnologias conectadas à internet para desempenhar dezenas de tarefas diárias, que inclui desde um simples pagamento, uma pesquisa, até controlar equipamentos à distância. Depender da tecnologia para muitos pode ser um vício, enquanto que para outros, é uma necessidade. Difícil, porém, é conseguir distinguir a tênue linha que separa a dependência que aprisiona da possibilidade que liberta. Estar conectado o dia todo tem…

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Caros leitores, Estou de volta! Depois de uma breve pausa para ajeitar os afazeres de uma rotina intensa de trabalho e estudos, retomo aqui nosso bate papo sobre o tema de costume: inclusão, deficiência e acessibilidade. O contraste entre a cultura inclusiva e a cultura do capacitismo tem gerado uma série de debates internet afora, principalmente agora em dezembro, quando se comemora o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Saindo das telinhas para a vida real, a cultura inclusiva reconhece e valoriza a pessoa, aquilo que ela consegue realizar, propondo e adaptando meios, técnicas e métodos para que a deficiência…

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Meus leitores já devem ter percebido que mesmo tendo deficiência visual, sou bastante ligada a imagens. Seja de uma forma, seja de outra, elas fazem parte da vida de qualquer pessoa: nas cores das roupas, por exemplo, ou numa fotografia que se queira mostrar para os amigos. Até mesmo nas redes sociais, as publicações que contém imagens apresentam um índice de visualização infinitamente superior às que são apenas texto. É claro que tais postagens seriam muito mais atrativas se contemplassem imagem e descrição, mas isso fica pra um outro post. Nessas últimas semanas, por causa dos contatos que tenho tido…

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As redes sociais se tornaram uma ferramenta poderosíssima de consumo e produção de informações, com grande poder de alcance e mobilização social. Faz dez anos que comecei a esboçar meus primeiros textos, jogá-los na rede para serem “pescados” por aqueles que desejassem empoderar-se do conhecimento acerca da pessoa com deficiência visual, das possibilidades de intervenção e dos recursos mais eficazes para a construção de uma educação inclusiva de qualidade. Parece clichê, mas ainda hoje encontramos com certa frequência uma educação inclusiva pautada mais no processo do que no progresso desse aluno. Mas voltemos à internet… Em 2008 criei um blog,…

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Sobre como os cegos aprendem, vou fazer uma breve explanação para que possamos compreender o mecanismo de aquisição de conceitos não visuais por quem depende dos outros sentidos para explorar o mundo. A cegueira, como uma deficiência sensorial, exclui cerca de 80% dos estímulos externos, responsáveis pela construção simbólica dos elementos presentes ao redor de uma pessoa. Quando os “olhos” captam as imagens, o cérebro é capaz de interpretá-las de uma forma ampla e global. Os elementos como cor, tamanho, forma, distância, profundidade, brilho, etc., são essenciais para o entendimento de um cenário, com relações simultâneas de espaço e direção.…

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É indiscutível que o sonho de qualquer brasileiro com deficiência seja frequentar uma escola, caminhar com segurança e autonomia pelas calçadas, consumir produtos e serviços como qualquer cidadão e sem quaisquer adjetivos que os caracterize como inclusivo ou acessível. Seria uma Utopia? Talvez. Mas prefiro acreditar que esta realidade possa ser alcançada se cada um fizer sua parte na conquista desses direitos fundamentais. Assim como as críticas são necessárias para “abrir os olhos” daqueles que agem com desprezo às limitações das pessoas, em certos casos, até amparadas pelo oportunismo, percebo que disseminar a informação acerca da deficiência e das possibilidades…

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Todos os dias aprendo um pouquinho sobre como ensinar pessoas com deficiência visual. Você, leitor, pode se perguntar: “mas ela não se diz especialista no assunto?” Ser especialista não é dominar receitas e aplicá-las como numa massa de bolo. com os alunos, as pitadas de açúcar precisam ser diferentes para cada um. Tem sido assim todas as semanas. A ousadia da nossa profissão é saber aplicar o ingrediente certo para que o bolo cresça e, além da beleza, se torne saboroso. A grande alegria em ser professora é reconhecer o quão capazes são nossos alunos se lhes forem oferecidas condições…

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É notável que a educação inclusiva tenha ganhado fôlego e um pouco mais de visibilidade dentro da educação básica. Professores que se deparam com alunos com deficiência e se veem desafiados a repensar suas práticas, outros que resistem em alterar suas rotinas para atender uma minoria. Fato é que esse processo já começou e será impossível retroceder. Olhando para frente, em função de uma educação inclusiva pautada no investimento material e humano, a educação básica está longe de ser o ponto final para alunos com deficiência. Em proporção crescente, à medida que eles conseguem acesso a uma escola acessível, com…

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