Autor: Luciane Molina

Luciane Molina é pedagoga, braillista e pessoa com deficiência visual. Possui pós-graduação em Atendimento Educacional Especializado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e em Tecnologia, Formação de Professores e Sociedade pela Unifei (Universidade Federal de Itajubá). Sua trajetória profissional inclui trabalhos com educação inclusiva, ensino do sistema Braille, da tecnologia assistiva, do soroban e demais recursos para pessoas cegas ou com baixa visão, além de atuar desde 2006 com formação de professores. Foi vencedora do IV Prêmio Sentidos, em 2011, e do IV Ações Inclusivas, em 2014, ambos pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPCD-SP). Também é palestrante e co-autora do livro Educação Digital: a tecnologia a favor da inclusão. Atualmente, integra a equipe técnica da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso de Caraguatatuba (SEPEDI), com ações voltadas para a comunicação inclusiva, políticas públicas para pessoas com deficiência visual e Núcleo de Apoio às Deficiências Sensoriais.
Fui conhecer a Havan, uma loja de departamento que acabou de ser inaugurada em Lorena. Aliás, uma loja gigante, em área construída às margens da Rodovia Presidente Dutra.A Havan tem como símbolo a Estátua da Liberdade de Nova Iorque, por isso trouxe uma réplica dela junto ao empreendimento. Apesar de ser muito menor do que a original americana, ainda é grande se comparada à altura de um poste de iluminação, por exemplo.Foi em solo lorenense que me dei conta, de repente, que não tenho uma imagem da Estátua da Liberdade no meu repertório. Por mais que eu tentasse buscar na…
Busco a leveza da vida. Aquela na qual encontroo sentido para as coisas que não vejo, mas que vou esculpindo em minha memóriaComo é não enxergar? É com essa indagação que a maioria das pessoas inicia um diálogo comigo e com tantos outros cegos por aí, numa tentativa de compreender um universo tão diferente do que vivem e, ao mesmo tempo, tão próximos delas. Não escondo que cada vez que me dirigem essa pergunta, sinto uma pontinha de orgulho em poder esclarecer certos mitos criados sobre a pessoa cega e que, talvez por descuido ou por falta de informação, são perpetuados…
O acaso é o instante que o inesperado acontece. Idealizar uma resposta sempre correta para cada desafio é acreditar num mundo previsível e em pessoas cujos padrões definem uma série de comportamentos a serem reproduzidos.Por mais que eu tivesse idealizado o jornalismo como carreira profissional, o acaso me trouxe o magistério para que eu atuasse diretamente no ensino para pessoas com deficiência visual, área ainda pouco explorada aqui na região. Percebi a importância desse trabalho ainda dentro da faculdade. Tornei-me pedagoga ao mesmo tempo em que precisei usar a arte de comunicar para que a sociedade compreendesse o potencial de…
De olhos fechados, o mundo é cheiro… é som… é sabor… São formas e texturas que se fundem num constante e sincronizado movimento. Pode ser também sentido pelo calor de um abraço ou pela força de um aperto de mão. De certa forma, quando se está com os olhos fechados, ampliam-se as percepções sobre aquilo que não se pode enxergar.As pessoas se tornam vítimas da dependência da visão, como o único canal confiável para obter informações sobre o que as rodeia, e acabam por anular a importância dos outros sentidos diante de uma descoberta ou de uma nova possibilidade. E…
Ainda que timidamente, pessoas com deficiência têm ganhado espaço nas agendas públicas e nos debates cujos focos são a construção de uma sociedade mais inclusiva. Os olhares para esse público, ora recheados de estigmas, ora sustentados pela ideia da superação, colocam-nos em posições extremas, que vão da segregação ao direito de acesso e pertencimento, da superproteção ao isolamento.Jamais, ao longo da história, ouvimos tantos relatos de pessoas com alguma deficiência que passaram a frequentar escolas, competir no mercado de trabalho, participar de atividades culturais e interagir com a sociedade. Proporcional à crescente aparição dessas pessoas, passamos a conviver com dificuldades…
O Lorenense já estreia como um guerreiro, porque traz na sua essência aquilo que mais nos orgulha como cidadãos: a ousadia do recomeço e a coragem da renovação.Essa ousadia e coragem também alimentam o meu desejo de construir um mundo mais inclusivo e embora esse seja o tema da coluna que passo a assinar semanalmente por aqui, hoje a ‘Inclusão além dos Sentidos’ vem homenagear Carolina Staut, uma mulher de muita garra, que nos mostrou o quão podemos reconhecer no outro os seus alcances, muito mais do que enxergar os seus limites.Mesmo sem tê-la conhecido pessoalmente, não precisei ouvir o som…